SWING
GOSTA DE SWING!
(Yara Nazaré
- 19/09/02)
Por várias vezes, eu
e minha irmã pedimos
ao nosso pai para ganharmos
cada uma, um cachorro. Eu
queria um cachorro pequeno
e ela um grande! Insistimos
tanto que meu pai cedeu e
nos presenteou a cada uma,
com um cão e o meu
não era tão
pequeno... era médio.
Batizei-o com o nome de Swing,
o ritmo mais tocado na época.
Minha irmã, estava
no auge da admiração
pelos famosos filmes norte-americanos
da Fox e este foi o nome que
passou a chamar o seu cachorro
grande e de raça! O
meu era uma mistura da raça
de "Balaio" misturada
com "Vira-Lata".
O seu pelo era meio ondulado
e degradée
do marrom, misturado com bege
e branco e tinha as pernas
bem compridas.
Aos domingos,
após a Missa das 08h30,
na Igreja Matriz, íamos
todos ao Bingo Dançante,
no Cassino 24 de Janeiro,
clube tradicional da nossa
cidade. Nós, as filhas,
nossos pais, tios e avós
maternos. Na nossa família,
todos gostavam muito de dançar.
O Bingo Dançante, começava
às 10:30 e terminava
às 14:30.
E lá, no
referido Bingo Dançante,
estava também o meu
"príncipe encantado",
pois embora eu só tivesse
quatorze anos, meus pais já
haviam consentido no nosso
namoro.
Ele dançava
muito bem e naquele Bingo
Dançante, ele atravessou
o salão, pediu permissão
ao meu pai que consentiu e
nós dois saímos
pelo salão, misturados
aos outros pares de dançarinos,
a combinar os passos no ritmo
do famoso bolero, "Solamente
una vez". Em seguida
a orquestra tocou um swing
e todos os pares animados
rodopiavam pelo salão
naquele ritmo frenético.
Eu, no meu
vestido de saia "godê
volta ao mundo", armada
por várias anáguas
engomadas, trocava voltas
e passinhos combinados com
meu "príncipe
encantado". Mas eis que
de repente, senti algo macio
roçando nas minhas
pernas e atrapalhando meus
passos pelo salão.
O susto foi grande, pois quase
não acreditei quando
avistei quem ali estava, todo
serelepe, fazendo festa como
se quisesse dançar
também. Parecia até
que sabia dançar aquele
ritmo. Era o meu lindo e querido
cachorro balaio misturado
com vira-lata, o Swing, que
não se contendo de
alegria, saltava sobre mim
todo feliz e eu, corada de
vergonha, só ouvia
a risada dos presentes.
Nossa casa
era próxima do clube
e penso que ele nos encontrou
pelo seu "faro".
Saí correndo para o
terraço e o dito cujo,
o Swing, correndo atrás
de mim, a latir e a festejar.
Fui me esconder na toillete
feminina e ele entrou também
e ficou lá, firme e
feliz da vida a fazer festa
em minha volta. Abri o berreirão
a chorar e minha mãe
chegou para me consolar e
segurou aquela amostra bizarra
da raça canina. Não
tive mais coragem de voltar
para o salão e só
saí do meu esconderijo
quando me chamaram para irmos
de volta para nossa casa.
Fiquei corada
de vergonha quando cheguei
diante do meu "Príncipe
Encantado"!
Mas era comum meu cachorrinho
de estimação,
encontrar-me nos locais que
eu frequentava, na minha cidade.
Minha avó materna gostava
muito de assistir filmes à
tarde, que chamávamos
naquela época, de "vesperal"
e sempre me convidava para
ir com ela, assistir aos famosos
musicais de Hollywood, no
Cine Teatro Eden. Quantas
vezes, de repente, "ele",
chegava sorrateiro fazendo
festa comigo, mesmo no escurinho
do cinema. Sim, era ele mesmo,
o Swing, meu estimado cachorrinho
de estimação
que sempre me encontrava no
cinema e também, na
missa na igreja que frequentávamos.
Chegou a
um ponto que em todas as vezes
que eu saía, deixava-o
trancado em uma dependência,
no quintal da nossa casa.