O 
                                        TATU
                                        (Yara Nazaré-19/09/02)
                                        
                                        Todos os anos em janeiro, meus pais faziam 
                                        a famosa viagem, cujo intinerário 
                                        passava por São Paulo, Rio de Janeiro 
                                        e Belo Horizonte. 
                                        Eu, minha irmã e nosso irmão, 
                                        seguíamos a mando dos nossos pais, 
                                        para as fazendas dos tios, no interior. 
                                        Cada um dos três irmãos ficava 
                                        na casa de um dos tios. Não devíamos 
                                        ficar os três juntos para não 
                                        dar muito trabalho. Naquele ano, fui para 
                                        o "Poção", fazenda 
                                        do Tio João Adrião! 
                                        A casa da fazenda era sobrado. Eu e as 
                                        primas, dormíamos no andar de cima.
                                        Durante o dia, passeávamos a cavalo, 
                                        com a parada para o gostoso banho no açude. 
                                        Depois do almoço, brincávamos 
                                        debaixo da sombra da frondosa árvore, 
                                        Pau D'Arco.
                                        Já rompendo a noite, a brincadeira 
                                        era de roda e de adivinhações. 
                                        Às 19h00 já estávamos 
                                        preparadas para dormir, pois não 
                                        havia televisão naquela época. 
                                        Nem se sabia ainda o que era e criança 
                                        devia dormir cedo para recuperar a energia, 
                                        segundo alegava minha tia.
                                        Na primeira semana na fazenda, ganhei 
                                        um
                                        presente inusitado que me deixou muito 
                                        contente. Um tatu, caçado pelo 
                                        vaqueiro do meu tio, que fez uma gaiola 
                                        com ripas de madeira e acomodou o bichinho 
                                        lá. Chegou o final das férias 
                                        e voltei para minha cidade com minha mala 
                                        e minha gaiola com meu novo bichinho de 
                                        estimação, que recebeu o 
                                        nome de, "Cascudinho"! Toda 
                                        alegre e faceira cheguei e logo mostrei 
                                        meu mais novo amiguinho a todos de casa. 
                                        Quando minha mãe olhou para a gaiola 
                                        e viu o que lá estava, deu um grito, 
                                        chamou a "Siá" Maria 
                                        e ordenou que levasse aquela "coisa" 
                                        para o quintal e que no dia seguinte, 
                                        preparasse um ensopado dele. Gritei, esperneei, 
                                        chorei, mas de nada adiantou. E, no almoço 
                                        do dia seguinte, o meu tatuzinho, o "Cascudinho", 
                                        era o prato principal. Minha mãe, 
                                        ainda convidou minha avó e meu 
                                        avô para degustarem o famoso item 
                                        do menu, o mamífero cavador que 
                                        tinha seu corpo envolvido por uma carapaça 
                                        óssea! 
                                        Não tive coragem de me aproximar 
                                        da mesa e fiquei chorando no meu quarto, 
                                        sem apetite, desejando que todos tivessem 
                                        uma baita dor de barriga!
                                        E eu já gostava tanto do meu tatuzinho!