MEU TRAVESSEIRO
(Yara Nazaré - 02/04/03)
Tanta coisa tenho visto
E teimo em vislumbrar
Com meu olhar matreiro
Da criança travessa
Que luto para conservar
Sem os riscos da malícia
Da visão do ser adulto
Na imagem que refletem
No grande espelho da vida
Sem a idade negar.
Ninguém me conhece
Tão bem quanto eu
Sou sincera nos meus atos
Sei estabelecer os limites
Sempre faço a autocrítica
Do ser que tenho em mim.
E os desacertos procuro
Corrigir com muita altivez
Mesmo que a emoção
me alcance
E gotas de lágrimas
teimosas
Teimem em minha face rolar.
E no silêncio da noite
Quando cansada me deito
Repouso tranquila a cabeça
No meu macio travesseiro
Meu cúmplice e meu
ouvidor
Nele viajo nos meus sonhos
Para acordar no amanhecer
Na hora do dia que chega
Sem angústias e sem
receios
De viver com alegria e prazer.
E na minha batalha diária
No pacto que faço
Do meu eu com o eu de mim
É de ousar mesmo na fantasia
E de conservar só a alegria
No meu rosto e no de cada
um.
O retorno consigo no eco
No brilho intenso do meu olhar
Estampado no meu sorriso
Na energia que de mim exala
No meu sorriso encarnado
E na rima dos versos meus.