DANÇANDO
O
MAMBO
NOS
QUINTOS
DOS
INFERNOS!
(Yara
Nazaré
-
20/09/02)
Era
minha
turma
da
segunda
série,
do
Curso
Ginasial,
do
Colégio
Nossa
Senhora
das
Graças,
da
ordem
de
Santa
Catarina
de
Sena
onde
eu
estudava
desde
os
sete
anos.
A
Irmã
que
atuava
como
bedel,
veio
avisar
a
nossa
turma
que
a
freira,
professora
de
religião,
estava
com
febre
e
não
poderia
ministrar
aquela
aula
e
que
aproveitássemos
o
horário
para
colocar
os
exercícios
de
outra
disciplina
em
dia
e
assim
aguardar
a
aula
do
horário
seguinte.
O
colégio
era
muito
grande.
As
portas
das
salas
de
aula
tinham
duas
bandas
muito
altas.
Era
somente
feminino
e
as
colegas
tinham
mais
ou
menos
a
mesma
idade
que
a
minha,
14
anos.
Quando
a
Irmã
saiu,
nos
entreolhamos
e
começamos
a
rir.
Penso
que
tivemos
a
mesma
idéia,
ao
mesmo
tempo.
Todas
as
colegas
sabiam
que
eu
e
minha
colega
Margarida,
dançávamos
o
ritmo
da
moda
muito
bem,
o
mambo.
Os
que
faziam
sucesso
na
época,
eram
os
Mambo
Nº
5
e
Mambo
Nº
8.
Nosso
uniforme,
mesmo
naquele
clima
quente
do
nordeste,
embora
sendo
litoral,
se
compunha
de
saia
de
tropical
com
pregas
colegial
e
a
saia
ia
até
o
meio
da
perna.
A
blusa
branca
era
de
mangas
compridas,
com
os
punhos
azul
marinho
e
gola
de
marinheiro,
também
azul
marinho
da
cor
da
saia.
As
meias
três
quarto
brancas
e
sapato
pretos,
arrematavam
a
vestimenta.
Resolvemos
então,
fechar
as
tais
portas
altas
e
caracterizar
o
tal
uniforme
a
"la
dançarina
de
mambo".
Prendemos
a
ponta
da
saia
na
frente,
no
cós
e
arregaçamos
as
mangas
até
o
cotovelo
e
subimos
na
mesa
da
professora,
que
se
localizava
sobre
um
tablado
de
madeira
mais
elevado
do
que
o
piso,
exatamente
para
destacar
a
figura
das
mestras.
Enquanto
as
colegas
batucavam
o
ritmo
do
mambo
nas
suas
carteiras,
eu
e
Margarida
rebolávamos
os
ombros
e
os
quadris
na
cadência
do
alucinante
ritmo.
E
a
letra
do
mambo,
as
meninas
cantarolavam...
"Mambo
1,
2,
3,
4,
5,
6
,
7
e
8,
trá
lá
lá...
trá...
lá...
lá
"
e
nós
duas
lá,
no
auge
da
dança.
Mas
eis
que
de
repente...
a
porta
se
abre
de
supetão,
com
barulho
e
vimos
surgir
a
Irmã
bedel
e
a
Irmã
que
era
professora
de
história
geral
e
minha
preferida.
Ficamos
todas
feito
estátuas,
paralizadas,
umas
olhando
para
a
cara
das
outras
e
o
medo
ali
estampado.
A
bronca
que
levamos
nem
precisa
ser
relatada
aqui,
mas
o
pior
veio
em
seguida.
A
ordem
foi
sentarmos
todas,
enquanto
a
irmã
bedel,
escrevia
no
quadro
com
giz
branco,
a
famosa
frase
que
devíamos
copiar
cem
vezes:
"Sou
cristã
e
não
devo
me
permitir
danças
obscenas,
senão
vou
para
os
quintos
dos
infernos!"
Não
tivemos
as
aulas
seguintes
para
concluirmos
o
castigo
estipulado
e
durante
a
semana
toda,
seríamos
levadas
de
duas
a
duas
à
sala
da
Madre
Superiora
que
só
se
visitava
por
dois
motivos:
para
receber
punição
ou
medalha
de
Honra
ao
Mérito
e,
com
certeza,
este
último
não
seria
o
nosso
caso.
Tivemos
ainda
o
fato
anotado
na
nossa
Caderneta
de
Estudante
e
por
conseguinte
nossos
pais
tomaram
conhecimento
do
"evento".
Além
de
ficar
com
a
munheca
dormente,
de
tanto
escrever
no
meu
caderno
aquela
"bendita"
frase,
chegando
em
casa
com
a
anotação
na
caderneta,
fiquei
de
castigo
sem
ir
na
vesperal
de
domingo,
assistir
meu
precioso
episódio
da
série
de
filmes
do
Flash
Gordon
e
minha
mãe
ainda
me
colocou
de
joelhos,
no
canto
do
seu
quarto,
virada
para
a
parede
durante
mais
ou
menos
uma
hora!
Aí
que
dor
nos
meus
joelhinhos...
mas
deixar
de
dançar
o
Mambo
Nº
8...
deixei
não,
embora
dançasse
escondida
no
meu
quarto!!!!!!!!!!