DONA
NÃO
SE
PODE...
Montagem
de
"Dona
Não
Se
Pode",
em
foto
do
quadro
pintado
por
Yara
Nazaré,
na
técnica,
Óleo
Sobre
Tela.
(Penso
que
a
"Dona
Não
se
Pode,
seria
mais
ou
menos
assimcomo
na
tela
acima...)
"DONA
NÃO
SE
PODE"
(Yara
Nazaré
-
23/07/2002)
Penso
que
toda
criança,
minha
contemporânea,
teve
um
mito
contado
por
alguém
com
o
intuito
de
se
fazer
obedecer,
pois
afinal
uma
das
funções
do
mito,
é
conseguir
a
obediência!
Minha
tia
viúva,
irmã
do
meu
pai,
ficava
sempre
comigo
e
meus
irmãos
quando
nossos
pais
iam
aos
bailes
ou
viajavam,
para
que
não
ficássemos
só
com
as
empregadas.
Ela
gostava
de
tomar
conta
dos
sobrinhos
mas,
contava
para
nós
cada
estória,
de
arrepiar...
E
uma
das
histórias,
era
a
da
"Dona
Não
Se
Pode",
que
segundo
minha
tia,
era
uma
mulher
muito
alta,
magra,
feia
e
solteirona,
com
os
cabelos
tão
longos
que
encostavam
nos
seus
pés
e
que
todas
as
noites
saía
do
seu
esconderijo,
com
uma
sacola
enorme,
atrás
de
crianças
pequenas
para
furtá-las
dos
pais
e
adotá-las
como
suas.
Tinha
uma
característica
própria,
pois
quando
avistava
uma
criança
acordada,
depois
das
19:00,
esticava
seu
tamanho,
na
vertical,
crescendo,
crescendo
e
crescendo
tanto,
até
ficar
do
tamanho
ou
mais
alta,
do
que
um
poste
de
luz.
E,
como
era
magérrima,
podia
assim,
entrar
em
qualquer
nesga
de
janela
ou
porta
aberta
das
casas
e
ao
perceber
uma
criança
acordada,
segurava-a
no
colo,
colocava
no
nariz
da
mesma,
um
lenço
de
seda
molhado
com
uma
essência
de
plantas
silvestres,
fazendo-a
adormecer.
E
assim,
quando
a
criança
acordava
do
sono
provocado
pela
inalação
da
essência,
já
estava
muito
e
muito
longe
de
sua
casa.
Portanto,
segundo
minha
tia,
todas
as
crianças
deviam
ser
obedientes
quanto
ao
horário
de
deitar
para
dormir,
senão
a
Dona
Não
Se
Pode,
viria
buscá-las
e
nunca
mais
as
traria
de
volta.
Dizia
também,
que
todas
as
crianças
levadas
pela
mulher
que
esticava,
passavam
a
esticar
também
igual
a
ela
e
se
transformavam
em
"DonasNãoSePodinhas".
Ficávamos
quietinhos
a
escutar
nossa
tia
e
tão
logo
encerrava
a
sua
narrativa,
corríamos
para
nossas
camas
com
medo
da
Dona
Não
Se
Pode
vir
nos
buscar.
Para
que
fôssemos
dormir
sem
sonhar
com
a
dita
cuja,
nossa
tia
orientava
para
que
colocássemos
um
grampo
de
cabelo,
debaixo
do
nosso
travesseiro,
pois
assim
não
sonharíamos
com
a
solteirona
que
esticava,
o
nosso
medo
passaria
e
dormiríamos
tranquilos.
Esta
era
então,
a
"psicologia"
do
grampo
de
cabelo!
Acreditei
na
"DONA
NÃO
SE
PODE",
até
mais
ou
menos
os
dez
anos
de
idade
e
tinha
pavor
que
ela
me
levasse
da
casa
dos
meus
pais.