POESIAS
DE:
ALBERTO PEYRANO
(Autorizada
a divulgação,
pelo autor)
TANGO
FINAL
Final...
final sem conseqüências,
final sem desacordos,
Final...
Depois...
não sei
Virá uma
incerteza
ou uma verdade.
Estou
ao ocaso de uma
paisagem
sem sol,
que não
tem luz à
sua volta
só um final.
Ontem
tivemos nossa
quota
nosso tempo
ontem...
Depois...
talvez
perdemos o rumo
sem nada compreender
Ontem,
Fundi comigo nas
minhas cinzas
sentindo
que eu ao fim
perdi tuas mãos
sem aprender.
A
rua é um
preto túnel
que abrigou minha
realidade,
é o rumo
dos anseios
quando procura
se aquietar.
É
vendaval das almas
que estão
sozinhas e ao
azar.
A rua é
minha velha amiga...
Vou sair...
já é
tempo de crescer
com minha verdade.
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O
DESESPERO PROFANO
Por
essa janela ouço
passar o tempo...
Ontem era nunca...
amanhã
é sempre...
Não ser
temporário
que efêmeramente
arrebata a consciência
num eterno baixar
de pescoço
que a nada conduz,
onde o passo dado
é um cego
desafio para o
nada...
E o pescoço
volta,
permanentemente....
querendo pegar...
o que?
Desfrutar um pouco
mais o que já
passou?
A roda colossal
dos três
ponteiros
se afiança
em cada instante
que equivalem
a séculos
ou talvez a eras
para os quais
não encontramos
mais significado
do que um inseto
lhe daria em meia
hora...
Enquanto o corpo
é lançado
para o infinito
e temido o novo
instante
transitando seu
caminho para o
final,
em eterna desobediência
a alma
desanda sua senda
inutilmente.
O centro luminoso
do sincrônico
medita só
a conexão
com O Divino,
com o permanente,
com o que não
foi nem será
mas que é.
Se o velho Cronos
deixasse de dar
voltas eternas
à sua ampulheta
de cristais já
embaçados,
não ganharia
o homem
mais do que o
desespero profano
ao perder as referências
de seus espelhos
irremediáveis.
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O
GRITO DA AMAZÔNIA
Amazônia,
mãe amada!
Grito vital da
terra
Que clama sua
grande dor.
Hoje a onça
agonizante
O rosto do índio
lambeu
E se abraçaram
as árvores
Chorando por teu
martírio.
De Manaus a Porto
Velho,
De Macapá
ao Xacurí
Surge uma voz
entre sombras
Que alerta a Humanidade:
"Filho, estou
dolorida"!
"Filho meu,
cuida de mim"!
Só a metade
consciente
Dos teus filhos,
escutou.
Só a metade
que sente
Tua tristeza e
teu penar.
A outra metade,
arrasa
Tua riqueza natural.
A outra metade
só escuta
A música
material.
A noite traz a
Lua
O rio se põe
a dormir,
A selva vela em
silêncio
Esperando o que
há por
vir...
Enquanto o índio
e a onça,
Irmãos
no sofrer,
Secam suas lágrimas
vãs,
Abrindo as veias
da alma
E regam teu velho
solo
Com dor, sangue
e amor.
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ALMA
POMBA
Voa
minha alma inteira
,
Pomba que acordou
na tarde
Sobre a beira
do mar.
Tem o seu voo
errando
Pois perdeu a
orientação
E andando por
esses céus
Já é
uma nuvens más.
Embora quiser
voltar
Ao velho cais
do qual partiu
Minha alma já
não poderia
Nunca jamais retornar.
Pomba que na tarde
voa
Sem rumo, sem
descansar.
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SAUDADE
Abraça-me
nos seus braços
Provocando em
mim
A fome daquilo
que não
pôde ser
Canta-me seu canto
Tangendo aos meus
ouvidos
A triste canção
de adeuses do
ontem
Beija-me com beijos
de amantes
Com risos de antanho
Com tardes do
sertão
Que ontem percorri
Sopra-me aos ventos
para aqueles
Aos que entreguei
A esperança
vã do meu
coração.
Traz minha infância
Minha primeira
namorada
Meus velhos avós
que não
voltarão.
Pinta-me nos olhos
As árvores
quietas
Sob cuja sombra
foi
Embora minha infância.
A saudade invade,
A saudade mata,
Ela é a
serpente que afoga
a fé.
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O
PECADO ORIGINAL
Incinero-me em
mil sóis
quando intrépido
saio
para o labirinto
vão de
almas sem encontro.
Além, o
horizonte,
Sem se perfilar,
arrisca a sua
permanência.
Contudo,
a minha lágrima
me diz que algum
dia senti
este ser humano
que hoje rodeia
a minha existência.
Desouço
as vozes absurdas
que querem me
deter e anular.
Vibro em mil corações,
em milhões
de gargantas que
não gritam,
em ruídos
e confusões
de angustias cotidianas
que em vão
buscam a descarga.
Estamos
todos sob o céu
sem levantar a
vista para vê-lo!...
Nossa brasa vital
poderia encontrar
a eternidade nesse
gesto!
Nosso
presente,
feito de pés
apressados,
de mãos
remexendo os bolsos,
de não
saber quem tenho
a meu lado,
perde a eternidade
a cada instante.
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