A
Ciranda, PERALTICES NO COLÉGIO,
leva-nos de volta a uma
época de rigidez
dos valores e dos costumes,
mas também época
de brincadeiras saudáveis
, ingenuidade, peraltices,
sonhos, conquistas, segurança,
convívio agradável
com nossos semelhantes e
com a natureza, tempo que
jamais esqueceremos, pois
muito temos para contar.
Não havia televisão
nem telefone celular. Computador,
Internet... nem pensar!
Mas é muito saudável,
compartilhar nossos momentos
felizes e divertidos...
Agradeço a todos
os amigos participantes
que prontamente enviaram
seus relatos divertidos
e, confesso, foi muito gratificante
para mim formatar esta página
pois cada texto lido era
seguido de minhas risadas
diante das peraltices narradas.
Obrigada, mano Alberto Peyrano,
Maria José Tauil,
Nancy Cobo, Tere Penhabe,
Luisa Fernandes, Mary Trujillo,
Faffi, Luz Sampaio, Irani
Genaro, Ógui Mauri
e Marcial Salaverry.
"Rir, é o melhor
remédio"! Divirtam-se!
YARA NAZARÉ
(20/11/2008)
Obs.: Os
textos estão listados
por ordem de chegada.
DANÇANDO
O MAMBO NOS QUINTOS DOS
INFERNOS!
(Yara
Nazaré - 20/09/02)
Era
minha turma da terceira
série, do Curso Ginasial,
do Colégio Nossa
Senhora das Graças,
da ordem de Santa Catarina
de Sena onde eu estudava
desde os sete anos. A Irmã
que atuava como bedel, veio
avisar a nossa turma que
a freira, professora de
religião, estava
com febre e não poderia
ministrar aquela aula e
que aproveitássemos
o horário para colocar
os exercícios de
outra disciplina em dia
e assim aguardar a aula
do horário seguinte.
O colégio era muito
grande. As portas das salas
de aula tinham duas bandas
muito altas. Era somente
feminino e as colegas tinham
mais ou menos a mesma idade
que a minha, 14 anos.
Quando a Irmã saiu,
nos entreolhamos e começamos
a rir. Penso que tivemos
a mesma idéia, ao
mesmo tempo. Todas as colegas
sabiam que eu e minha colega
Margarida, dançávamos
o ritmo da moda muito bem,
o mambo. Os que faziam sucesso
na época, eram os
Mambo Nº 5 e Mambo
Nº 8. Nosso uniforme,
mesmo naquele clima quente
do nordeste, embora sendo
litoral, se compunha de
saia de tropical com pregas
colegial e a saia ia até
o meio da perna. A blusa
branca era de mangas compridas,
com os punhos azul marinho
e gola de marinheiro, também
azul marinho da cor da saia.
As meias três quarto
brancas e sapato pretos,
arrematavam a vestimenta.
Resolvemos então,
fechar as tais portas altas
e caracterizar o tal uniforme
a "la dançarina
de mambo". Prendemos
a ponta da saia na frente,
no cós e arregaçamos
as mangas até o cotovelo
e subimos na mesa da professora,
que se localizava sobre
um tablado de madeira mais
elevado do que o piso, exatamente
para destacar a figura das
mestras. Enquanto as colegas
batucavam o ritmo do mambo
nas suas carteiras, eu e
Margarida rebolávamos
os ombros e os quadris na
cadência do alucinante
ritmo. E a letra do mambo,
as meninas cantarolavam...
"Mambo 1, 2, 3, 4,
5, 6 , 7 e 8, trá
lá lá... trá...
lá... lá "
e nós duas lá,
no auge da dança.
Mas eis que de repente...
a porta se abre de supetão,
com barulho e vimos surgir
a Irmã bedel e a
Irmã que era professora
de história geral
e minha preferida.
Ficamos todas feito estátuas,
paralizadas, umas olhando
para a cara das outras e
o medo ali estampado. A
bronca que levamos nem precisa
ser relatada aqui, mas o
pior veio em seguida. A
ordem foi sentarmos todas,
enquanto a irmã bedel,
escrevia no quadro com giz
branco, a famosa frase que
devíamos copiar cem
vezes:
"Sou cristã
e não devo me permitir
danças obscenas,
senão vou para os
quintos dos infernos!"
Não tivemos as aulas
seguintes para concluirmos
o castigo estipulado e durante
a semana toda, seríamos
levadas de duas a duas à
sala da Madre Superiora
que só se visitava
por dois motivos: para receber
punição ou
medalha de Honra ao Mérito
e, com certeza, este último
não seria o nosso
caso. Tivemos ainda o fato
anotado na nossa Caderneta
de Estudante e por conseguinte
nossos pais tomaram conhecimento
do "evento". Além
de ficar com a munheca dormente,
de tanto escrever no meu
caderno aquela "bendita"
frase, chegando em casa
com a anotação
na caderneta, fiquei de
castigo sem ir na vesperal
de domingo, assistir meu
precioso episódio
da série de filmes
do Flash Gordon e minha
mãe ainda me colocou
de joelhos, no canto do
seu quarto, virada para
a parede durante mais ou
menos uma hora!
Aí que dor nos meus
joelhinhos...
mas deixar de dançar
o Mambo Nº 8... deixei
não,
embora dançasse escondida
no meu quarto!!!!!!!!!!
Obs.:
Em junho deste ano (2008),
eu e meu marido voltamos
de férias a minha
cidade e lá visitamos
o referido colégio,
à freira que nos
recebeu com muita alegria,
contei este episódio
e ela riu muito. Lá
na Sala de Informática
do colégio, acessei
meu site e ela leu a minha
crônica sobre esta
peraltice e rindo muito
ressaltou como era bom termos
lembranças para contar,
da nossa época de
estudantes.
(Esta
crônica está
também na página
(link): Minhas Crônicas,
aqui no meu site).
Quando
eu estudava Catecismo, ao
sair da escola ia para a
igreja e ali me instruíam
sobre os princípios,
mandamentos, sacramentos
e preceitos da fé
católica. Havia um
pároco muito exigente
e em um certo dia que não
estudei a lição,
pôs-me em penitência.
Devia ficar de joelhos,
rezando o Pai Nosso, até
que o templo fechasse suas
portas.
Passaram-se duas horas e
todos meus colegas já
haviam saído. Eu
estava só na igreja
e as vezes via que o padre-cura
ia e vinha fazendo seus
afazeres ou ordenando tarefas.
Alguém veio procurá-lo
e antes de ir-se, disse-me:
- “Alberto, continua rezando.
Eu voltarei imediatamente
e quero te ver aqui. Não
te vás até
eu voltar”.
No momento em que o Padre
Paolo se foi, deixei meu
lugar de penitência
e corri para o altar mor.
Não podia suportar
a humilhação
de ter sido castigado porque
sabia que no dia seguinte
todos meus amigos troçariam
de mim.
Pensando como chatear o
padre, olhei e vi que o
sacrário que estava
sempre fechado, estava com
a chave na sua fechadura.
Sem pensar muito, peguei
a chave e escondi-a em um
canto do altar, embaixo
das toalhas imaculadamente
brancas.
Voltei a meu lugar. O cura
retornou e me deu permissão
para ir embora para minha
casa.
Na manhã seguinte,
acordei muito cedo e cheguei
à igreja quando a
missa das 7 já havia
começado. Deslizei-me
pela lateral para que ninguém
me visse. Nesse tempo a
missa era celebrada com
o sacerdote de costas para
os fiéis. Quando
o Padre Paolo quis abrir
o sacrário para tirar
o cálice com as hóstias,
notou a falta da chave.
Vi que se apoiou no altar
com os dois braços
estendidos e movia a cabeça
de um lado para o outro.
Agachou-se, procurou no
chão, dos lados do
altar, revisou cada um dos
jarros de flores. Sacou
um lenço e secou
o suor de seu rosto umedecido,
completamente vermelho pela
raiva que sentia naquele
momento.
Depois, voltou-se de frente
para os fiéis e lhes
falou com tremenda voz:
- “Podeis ir em paz. A Missa
terminou”.
Nesse dia, talvez pela única
vez, ninguém comungou!
PERALTICE
DOS TEMPOS DE COLÉGIO
(Maria José Tauil)
Estudei em escola pública,
no tempo em que eram muito
boas.
Anualmente, em campanhas
de vacinação,
uma ambulância acampava
na escola e faziam do auditório
o local de atendimento.
Quando chegava a hora da
minha turma, eu não
chorava. Simplesmente berrava,
esperneava e não
havia quem conseguisse me
fazer tomar "a tal
injeção".
Com o meu escândalo,
escapei por dois anos das
"benditas".
Já no terceiro ano
primário, eu e meu
irmão chegamos à
escola e deparamos com a
tal ambulância. Decidimos
"matar aula",
nós e mais
dois vizinhos. Escolhemos
uma rua sem movimento, sentamos
nas escadarias de um casarão
e ficamos batendo papo,
comendo merenda e brincando.
Na hora da saída,
fomos para casa, normalmente.
No dia seguinte, soubemos
que a ambulância lá
estava para socorrer o servente
morador, que havia passado
mal.
Tenho uma neta igual. Esperneia
e grita por socorro.
Quem sai aos seus não
degenera.
Instituto
Cylleno.
(Nancy cobo)
Estudei e me formei em Técnico
de Contabilidade, que na
época tinha direito
a ter inscrição
no CRC.
Bem quando ainda estava
no Ginasial, eu era sempre
Monitora da turma, talvez
por ser filha de professora.
Quando o Mestre entrava
em sala de aula, eu tinha
que ir de carteira em carteira
para ver se todos tinham
feito o dever de casa. Claro
que nunca dedurava ninguém.
Um dia uma colega com o
nome de Celestina foi chamada
pelo Mestre, para fazer
a verificação
se todos tinham mesmo feito
o dever.
Um colega nosso de Nome
Marco Antonio, não
tinha feito e eu não
o dedurei, mas Ela não
hesitou.
O Mestre, imediatamente
me expulsou da turma e fui
suspensa 01 semana de todas
as aulas.
Eu não conversei,
fui até a carteira
dela e disse;
Me aguarde no final da aula
pois quero conversar com
você.
Quando o meu turno acabou
fui direto a sala para poder
conversar com ela, qual
foi a minha surpresa, ela
foi embora.
Perguntei se alguém
tinha visto Ela, ou aonde
foi, me falaram que tinha
ido ao Banco do Brasil.
Me dirigi até lá
deixei no colégio
a gravata do uniforme e
o meu material
Quando ela me viu foi direto
para o lado do guarda dentro
do banco, ai eu não
sei o que me deu, risos,
fui até Ela e a trouxe
para fora do banco e claro,
que baixei o cacete nela.
Esqueci que estava com o
uniforme.
Ao retornar no colégio
para retirar meu material,
fui imediatamente levada
para a Direção.
Ganhei uma suspensão
de 01 mês.
Hoje me lembro disso e dou
muita risada.
Lembranças
da infância...
(Tere Penhabe)
Cheguei da escola sedenta
e faminta como sempre. Joguei
sobre a cômoda, a
pasta e o embrulho que trouxera
da escola, contendo um xale
que minha futura sogra havia
me emprestado, para a caracterização
de uma vovó, papel
que eu interpretaria na
peça de teatro amador.
Eu estava eufórica,
achando que talvez esse
papel fosse o início
da minha brilhante carreira
de atriz.
Na verdade não foi,
mas essa é uma outra
história...
Após engolir a comida
rapidamente, bateu o sono
e eu praticamente desmaiei
na cama, já que minha
mãe não estava
em casa, porque se estivesse
não permitiria.
Mal eu peguei no sono, já
vi aquela senhora mal encarada
entrando no quarto... Eu
não a conhecia, mas
seu jeito era próprio
de quem não vem em
missão de paz.
Começou a ameaçar
com xingamentos apontando-me
a mão encarquilhada
e ordenando que eu devolvesse
o que lhe pertencia.
Foi uma visão tétrica
que me fez acordar suando
e tremendo. Corri para a
casa da Izolina, onde ela
e minha mãe conversavam
animadamente.
Ao me verem de olhos arregalados,
iam me perguntar o que acontecera,
mas antes que o fizessem,
eu bati os olhos num retrato
emoldurado que estava na
parede e fiquei sem voz...
apontava mas não
conseguia falar nada...
Quando finalmente consegui
perguntar quem era, Izolina
me respondeu sorrindo que
era sua mãe, que
já falecera há
mais dez anos.
Arrepiei-me toda, pois era
também a senhora
que estivera há pouco
no meu sonho, ameaçando-me
com tanta irritação.
Concluímos que ela
não gostara nem um
pouco de ter o seu xale
emprestado, para o que ela
chamaria de “palhaçada”,
uma vez que teatro já
era algo mal visto nos meus
tempos, imagine no tempo
dela...
Resultado: fui avó
por alguns minutos sim,
mas com o vestido da minha
mãe, que eu tinha
certeza que estava bem viva
e havia me autorizado a
usá-lo.
Santos, 01.11.2008
www.amoremversoeprosa.com
O
TESTE!
(Luísa Fernandes
- 30/10/08)
Estava
concluindo o Liceu para
entrar na faculdade. Entre
outras, havia a disciplina:
“Introdução
à Política”,
horrível, que consistia
em analisar as constituições
de Portugal. Era uma guerra
entre os alunos e o professor
de História que distribuía
uma resma de cópias
para estudarmos. Melhor,
dizendo… “copiarmos” nos
exames…
Próximo do teste
final, precisávamos
da média 14 para
não fazermos o torturante
exame. A turma se organizou:
um aluno, tiraria a cópia
do teste da pasta do professor.
A escolhida foi a mais caladinha,
mais sossegada, sobre quem
nunca incidiríam
as suspeitas do professor.
A “santa” era eu. A turma
rodeava o professor com
perguntas sobre a matéria
e eu, tremendo como varas
verdes e vermelha como um
pimentão , retirei,
uma cópia da pasta
do professor. Era o exame!
Passei-a para outro colega
que logo pediu ao mestre
para ir à casa de
banho. Fez cópias
do teste e distribuíu
para nós sem conseguirmos
repor o original na pasta.
O bendito teste chegou,
todos tranquilos, entramos
na sala. Sentamo-nos para
o sucesso desejado. Primeira
cópia distribuída,
primeiro rosto estupefacto
e assim, sucessivamente,
olhamos uns para os outros.
Ninguém tinha a resposta
para as questões!
O teste não era o
mesmo!!!!
Mas a colega Dulce que tudo
sabia, passou-nos outra
"cola" que nós
adaptamos para não
ficar igual. "Santa
Dulce"!
Na entrega do resultado,
a turma em silêncio
esperava o pior. O professor
entregou um a um e as notas
eram igauis ou acima de
14. Nossos rostos se iluminaram…
Ninguém iria fazer
o exame nacional!
O professor começou
a nos dar parabéns
e pediu para felicitar pessoalmente
o aluno que tinha tirado
o teste da outra turma.
O silêncio foi de
terror! Mário, o
pior aluno da turma, levantou-se
e eu fiz o mesmo e gritei:
- Sr. Dr., fui eu! Aguardei
com o nó na garganta
o veredicto que foi:
- Muito bem, aluna corajosa
e destemida… Nunca pensaria
isso de si! Mas como sua
ação foi para
o bem da sua turma merece
aplausos dos seus colegas.
Claro que, no recreio, todos
beijámos a Dulce,
a verdadeira salvadora da
Pátria!!!
Colégio
de freiras...
(Marilena Trujillo - 10/11/2008)
Colégio de freiras...
Ensino severo,
Mil regras de comportamento
a seguir,
Mas poderia entrar mais
tarde e tomar lanche
Mais cedo... Quem à
missa fosse assistir...
E lá ia eu... Véuzinho
branco... Tercinho...
Lancheira caprichada. Tinha
de tudo a danada!
Tudo aquilo era muito mais
gostoso e divertido
Do que a madre Conceição
ensinando tabuada!
No
refeitório, o silêncio
era reinante e obrigatório...
Mas nada impedia minha abafadinha
risada,
Cutuca daqui e dali. Mil
gracinhas cochichadas.
E a madre Rosário,
o urubu, de olho na meninada.
Até que um dia...
Por azar e ironia do destino,
O urubu nos pegou brincando
no banheiro...
Mandou chamar nossos pais
e o mundo inteiro.
Pondo fim às nossas
gargalhadas, ao picadeiro.
Mas não levou muito
tempo para encontrarmos
Outra grande... Deliciosa
e atrativa diversão...
No Mês de Maria...
Os mais velhos oravam...
E nós fazíamos
de escorregador o corrimão!
Mas... Sempre tem um, mas
nessas histórias,
Outra vez o bendito urubu
nos pegou no flagra,
Fomos para a diretoria.
Nossos pais foram chamados,
Tive vontade de morder a
orelha daquela praga!
Numa bela manhã...
Que maravilha... Que alegria!
O “Urubu” de nós
se despedia em tom solene...
Outra ocuparia seu lugar...
Por certo seria melhor!
Qual o quê... A outra
gritava feito uma sirene!
Meias para cima! - Saias
para baixo dos joelhos!
Chamada oral... Catecismo
na ponta da língua!
Meninas devem ter bons modos.
Educação!
Ah, que saudade do urubu...
Como ela era linda!
Peraltice
Ousada.
(faffi)
Quando eu cursava a terceira
série ginasial, lembro
que detestava o professor
de ciências. Ele era
muito exigente e meio grosso...
aliás, ninguém
gostava dele.
Nas provas ele era intransigente
, caía matéria
que nem tinha dado ainda
e quando a gente reclamava
ele dizia;
-"Tá no livro
não tá"?
Um dia ganhei da minha madrinha
um radinho com fone de ouvido,
era novidade e quase ninguém
ainda tinha.
Levei no ginásio,
na aula de ciências
coloquei no ouvido, o professor
ficou uma arara e me tirou
da classe dizendo em alto
tom de voz:
-"A senhorita não
quer ouvir essa droga lá
no pátio"?
Isso tudo já com
a porta aberta, eu muito
enfezada peguei meu rádio
e sai da sala.
Nem preciso dizer que foi
um bafafá danado,
a diretora falando, inspetor
de classe, minha
mãe me tirando o
presente e falando o dia
inteiro
- "Meninas não
fazem essas coisas"!
Não acaba por aí
não....
Na semana seguinte, na mesma
aula, coloquei um cordão
no ouvido que vinha exatamente
do fundo da minha mesinha...
O professor entrou
na sala e falou:
- Eu avisei, depois falam
que sou grosso.
Veio direto a mim e puxou
o cordão vazio...
a classe toda caiu na risada,
fomos todos parar na diretoria...
Eu me vinguei... custou
um pouco caro, mas aquele
professor mereceu.
Não sei se é
uma boa recordação,
mas foi uma peraltice ousada.
Peraltices
no Colégio.
(Luz Sampaio)
Para
ir ao ginásio onde
estudava tinha que passar
em frente a um cemitério.
Como estudava a noite, não
tinha jeito, mesmo com medo
tinha que enfrentar o caminho.
Uma noite alguns meninos
resolveram me assustar,
e isso me deixou muito revoltada.
O medo passou com o tempo,
mas a lembrança daquela
noite me deixou marcada.
Resolvi então descontar
um dia, isso foi na última
noite de aula antes da formatura.
Já que seria a última
noite de aula, combinei
com um amigo de fazer uma
surpresa a eles...
Gravamos algumas vozes um
tanto sinistras, e escondido
atrás de um carro
estacionado, ligamos o gravador....
Ah! Foi uma correria danada!
Vímos eles correndo,
sem levantar uma voz...
Não sei que fim levou
os meninos, se chegaram
bem em casa ou perceberam
que foi uma brincadeira,
não os ví
na formatura...
Mas certeza eu tinha de
ter descontado a maldade
deles!
Hoje passado tantos anos,
essa travessura guardo no
báu das recordações
como jóias raras,
peraltices
tantas que conto hoje aos
meus filhos.
PENALIZADA
PELA INOCÊNCIA
(Iranimel)
Jamais
poderei esquecer a experiência
que, embora, hoje parece
engraçada, para mim,
na época, teve um
triste resultado. Eu já
estava no terceiro ano do
grupo escolar, e, num certo
dia, a professora nos deu
uma “pausa para descontração”.
Nós, alunas, poderíamos
conversar, desenhar, fazer
trabalhinhos de papel, enfim,
ela nos deixou completamente
à vontade, contanto
que ninguém saísse
da classe.
Eu confesso que até
então, eu era absurdamente
inocente, e quando algumas
coleguinhas de classe se
aproximaram da minha carteira,
me pedindo para cantar alguma
coisa tipo “cantiga divertida”,
não hesitei em atendê-las
e na mesma hora comecei
a cantar assim:
Pedrinho
foi pescar,
Soltou um pei. . . tra,
la, la
Soltou um pei. . .tra, la,
la
Soltou um Peixinho no mar!
Minha
mãe quando casou,
Era pu. . . trá,
lá, lá
Era pu, trá, lá,
lá
Era puramente bela!
Da
minha carteira eu vi a professora
rindo, e fiquei toda prosa,
me achando! Então,
a última quadrinha,
eu cantei ainda mais alto!
Resultado: Justamente nesse
dia havíamos feito
prova na qual eu havia tirado
nota máxima, mas
depois dessa minha inocente
idiotice, não só
levei um sermão da
professora como também
perdi dez pontos da prova.
PERALTICES
NO COLÉGIO
(Ógui Lourenço
Mauri - 13/11/2008)
Sempre lembro daquela festa
junina,
Que, a caráter, minha
escola promoveu.
Na surdina escolhido, o
padre fui eu,
Com chapéu de vigário
e preta batina.
Nos meus treze anos, calado
e introspectivo,
Fui, num complô da
classe, pego "na marra,
Alvo principal da preparada
farra,
Que teve, do Professor Celso,
o incentivo.
Na semana dos ensaios para
o evento,
Esbaldaram-se com minha
timidez,
Ignorando que chegaria minha
vez
Em plena cerimônia
do "casamento".
Recordo o noivo, com gestos
fanfarrões,
Contraste da noiva, lépida
e bonita,
Traje à caipira,
com vestido de chita,
Uma menina a balançar
corações.
Chega a festa, enfim; de
compadre e comadre.
Um "casamento"
com noiva escultural...
Que, abandonando o noivo
no ato final,
Deu "aquele" beijo
na boca do padre.
UM
MENINO ARTEIRO
(Marcial Salaverry)
Sempre
fui um menino arteiro, de
espírito aventureiro,
que adorava as histórias
do Zorro, do Tarzan, do
Flash Gordon, da Nyoka,
e que adorava aprontar na
escola. Muito bom aluno
na parte didática,
sempre entre os primeiros
da classe, mas no quesito
disciplina, era um terror.
Adorava atrapalhar uma aula
com perguntas capciosas
para certos professores
que tinham a mania de explicar
muito bem as coisas, como
um certo Prof Kleber (com
"k"), de matemática...
Bastava apresentar um problema
daqueles meio sem solução,
e a aula toda ele ficava
explicando como poderia
ser resolvido. E ele resolvia.
Como eu o definia, um gênio
na matemática, e
uma anta na vida prática.
Só não tinha
coragem de atrapalhar as
aulas da saudosa Profa.
Rosina Pastore, porque ela
era um espírito de
luz voejando sobre a classe.
Incrível como, apenas
com doçura, dominava
aqueles moleques rebeldes.
Assim como o Prof. Pina,
um baixinho meio corcunda,
que dominava a classe toda
apenas com a força
de seu olhar. Durante suas
aulas de Português,
podiamos ouvir uma mosca
voando...
Minha vítima predileta
era o Prof Saturnino que
lecionava Desenho no Ginásio
Estadual Anhanguera. Ela
durante o ano todo, sempre
usava uma mesma gravata
vermelha, e nunca usava
meias. Era uma figura. E
no fim da quarta série
ginasial, com a certeza
de que não mais o
iria encontrar, preparei
um pacote com uma gravata
azul velha, e um par de
meias furadas, e deixei
sobre sua mesa, com um recado,
como se fosse um presente
da classe toda. Ele viu
o pacote, ficou até
emocionado com um recadinho
que eu havia escrito. Abriu...
Engoliu em seco... Fechou
o pacote, e disse... "Sei
de quem pode ter sido esta
ideia..." olhando diretamente
pra mim... Confesso que
me arrependi da brincadeira,
ao ver a expressão
de tristeza de seus olhos...
Ele gostava de dar Desenho
Livre, onde deveriamos usar
nossa imaginação...
E eu que sempre fui péssimo
para desenhar, fiz o que
poderia, com muito boa vontade,
lembrar um camelo, e para
identificar, escrevi CAMELO,
e uma seta indicando. E
ele deu Zero. Daí,
deixei de me arrepender...
"Ai que saudade que
tenho", quando disso
a lembrar-me venho... São
lembranças tão
vividas, "da aurora
da minha vida"... Adorava
roubar flores, e à
minha mãe, e às
professoras oferecia, quase
todo dia... Delicia fazer
gentileza com o chapéu
alheio.
Na verdade o que mais gostava
nos tempos do Ginásio
Estadual Anhanguera na Lapa,
era quando conseguia driblar
o bedel, e ia namorar com
a namoradinha de plantão
numa sala que ficava nos
fundos da escola. Sempre
precisava que alguem ficasse
de sentinela para avisar
se o dito cujo aparecesse...
E como é gostoso
relembrar...
Marcial Salaverry, em lembranças
de seus tempos de estudante...
*******
Obrigada, pela sua visita!
Yara Nazaré