CORAÇÕES
SECOS
(Ligia Tomarchio)
Cântaros
recolhem
pedaços de chão seco
onde a chuva
não conseguiu molhar.
Escorrem
lamentos
de corações sedentos
almas secas
de tanto chorar.
Choro
incontido
da fome a doer
corroer de mentes
onde as sementes?
Subsolo
endurecido
tal os corações dos dirigentes
transviados sem direção
a carregar numerário desviado.
Rumo
incerto para o povo
qual polvo e seus tentáculos
a procura dos caminhos
encontra destino e desatino.
O
caminho longo a percorrer
com a fome a irromper
alimenta-se de esperança
o retirante ao anoitecer.
Dias
e dias percorrendo caminhos
do desconhecido pensamento
querendo pão e engolindo vento
vendo o chão correr sob os pés.
Na
bússola da memória
sudoeste marca imantada
desvão do coração ansioso
por labuta, recompensa da luta!
Fim do sonho.