Minha
querida
Tia
Chichica!
(Yara
Nazaré
-
27/08/2008)
Naquele
tempo,
nós,
crianças,
dormíamos
cedo,
lá
pelas
19h00.
Mas
minha
tia,
quando
ia
tomar
conta
de
nós,
na
nossa
casa,
dava
sempre
um
jeitinho
de
prolongar
esse
horário,
para
contar
as
suas
histórias
de
"alma
do
outro
mundo"
e
para
que
não
ficássemos
com
medo,
mandava
colocar
um
grampo
preso
atrás
no
nosso
cabelo
para
que
as
almas
não
pertubassem
nosso
sono.
E
o
melhor
é
que
não
sentíamos
medo
algum
na
hora
de
dormir.
Durante
as
histórias
dela,
ficávamos
todos
amuquecados
e
tão
intertidos
que
não
se
ouvia
um
papoco
e
não
havia
arenga
entre
nós.
E
é
dela
a
história
da
"Dona
Não
Se
Pode",
aquela
alma
de
mulher
jaburu,
toda
sibite,
tão
alta
e
cheia
de
berimbelos
que
espichava
mais
do
que
um
poste
de
luz
e
se
esgueirava
por
qualquer
fresta
das
portas
ou
janelas
para
pegar
crianças
acordadas
e
estava
sempre
avexada.
Para
levá-las
sem
barulho,
fazia
com
que
cheirassem
uma
solução
feita
com
seivas
de
plantas
silvestres
que
ela
colocava
em
um
lenço
branco
de
linho.
E
as
crianças
que
ela
levava,
passavam
a
ser
réplicas
dela.
Ai,
que
medo
sentíamos
da
"Dona
Não
Se
Pode"
e
das
"DonasNãoSePodezinhas",
pois
minha
tia
dizia
que
as
novinhas
roubavam
mais
crianças
que
a
"Dona
Não
Se
Pode"
velha,
pois
tinham
mais
sustança!
E
minha
tia
dizia
que
a
"Dona
Não
Se
Pode"...
"era
tão
feia,
tão
feia
que
fazia
tiro
de
canhão
dobrar
esquina"!
E
ríamos
muito
quando
ela
arremedava
a
"Dona
Não
Se
Pode"
nos
arrudiando.
Nunca
vi
minha
tia
enfezada!
E
todos
nós,
seus
sobrinhos,
a
amávamos
e
adoravamos
estar
na
sua
companhia!
(Texto
baseado
na
crônica,
"Dona
Não
Se
Pode"
-
05/05/2002,
de
minha
autoria
que
se
encontra
no
link:
Minhas
Crônicas,
aqui
no
meu
site).
Vocabulário
nordestino:
.
Amuquecado:
quieto/
.
Arenga:
briga
.
Sibite:
Muito
magra/
.
Intertido:
distraído
.
Papoco:
barulho/
.
Jaburu:
mulher
feia
.
Berimbelos:
adereços,
enfeites/.
Espichar:
esticado
.
Avexada:
com
pressa/
.
Sustança:
vigor,
energia
.
Arremedar:
Imitar/
.
Arrudiar:
Dar
a
volta/
.
Enfezada:
zangada.
Tia
Alzira
(Marilena
Trujillo)
Alzira,
era
esse
o
seu
nome.
Tia
nota
mil
estava
ali...
Jeito
de
menina
num
corpo
de
mulher
Maluquinha
e
arteira
como
eu...
Seu
sorriso
infantil,
eu
jamais
esqueci.
De
quantas
surras
enormes
me
livrou?
Ah!...
Foram
muitas,
inúmeras
vezes!
Ela
era
meio
mística,
meio
adivinha...
Nossos
passeios
e
viagens
eram
sempre,
Longos
e
cheios
de
mistérios
e
duendes...
Tia
Alzira...
Foi
a
minha
segunda
rainha...
Era
a
irmã
mais
velha,
da
minha
mãezinha!
Para
ela...
Todos
os
dias
eram
dias
de
festa.
Fazia
minhas
roupas
e
das
minhas
bonequinhas.
Tia
Alzira
foi
enfim...
Minha
fada
madrinha!
Mary
Trujillo
03.03.2008
Tia
Margarida
(Nadir
A.
D'Onofrio
-
Santos/SP
-
21/01/2005)
Tia
Margarida,
Seu
verdadeiro
nome
era
Maria.
Que
saudade
sinto
de
você,
era
bronca
à
todo
instante,
marcação
cerrada...
nem
namorar
eu
podia.
Quantas
vezes
desejei
que,
você
nesse
planeta
não
existisse...
Se
eu
não
quisesse
almoçar,
ahhh,
fraquinha,
magricela
ficaria.
Quando
de
chocolate
me
lambuzava...
ahhh,
gorda
e
feia
ficaria...
Sentar-me...
só
com
pernas
cruzadas,
mostrar
a
calcinha
não
podia.
Batom...
prá
quê
ela
dizia...
vai
chamar
atenção
da
rapaziada.
Calças
compridas
e
justas
eu
estava
procurando
ficar
"falada"...
Um
dia,
pegou
um
livro
que
eu
lia,
fazendo
o
maior
escândalo,
Repetia
sem
parar...
Imagine...
menina
você
só
tem
13
anos...
Deixe
de
ler
essas
besteiras,
queimou
uma
obra
prima!
Era
implicante
essa
minha
tia...
Ah,
lembrei-me
o
título
do
livro,
"MESSALINA".
TIA
QUIRIDA
(©
Alberto
Peyrano
-
Buenos
Aires,
Argentina)
Si
ocê
ta
mi
iscutano,
ti
agradeço
du
riso
i
dus
refresco
que
ocê
trazia
pracinha
insolarada,
quano
nossa
legria
si
espaiva
nas
tardi
di
verão.
Ti
agradeço
o
chá
quentinho
Pertim
da
larera
quandu
tava
frio.
Ti
agradeço
dus
passeio
que
a
gente
fazia
nas
rua
di
uma
Buenos
Aires
qui
nóis
amava.
Ti
agradeço,
a
vida
pertim
da
minha!
Ti
agradeço
dus
segredim
que
ocê
contava,
Dus
teu
sonho
di
mocinha
caipira
Qui
mi
contava
no
pé
do
parrerar
Das
magua
iscundida
qui
nunca
mi
falava
Mai
qui
sempre
eu
via
nus
teu
zóio
Cumu
quem
dá
um
dimoradu
adeus...
Brigadim,
Tia
quirida!!!!
Chego
perto
di
ocê
cum
bejo
pertim
das
nuve...
Lá
adonde
sei
que
ocê
ta
sempri
mi
oiando.
Minha
Tia
(Enei
Motta)
Quisera
voltar
um
dia
Aos
bons
tempos
de
criança
Na
casa
da
minha
avó...
Tinha
jogos,
tinha
plantas...
Tinha
até
pé
de
abricó...
Tinha
uma
tia
querida
Que
também
chamava
de
vó
Essa
tia
divertida
Fazia
jogos
com
a
gente
E
com
tantas
brincadeiras
Só
nos
deixava
contentes
Inventava
brincadeiras
E
piadas
de
montão
No
meio
de
todas
elas
Tinha
até
o
palavrão...
Hoje
vejo
minha
tia
sentada,
Numa
cadeira...
sozinha...
Sem
conhecer...sem
falar...
e
nenhuma
piadinha
Ao
ver
minha
tia
querida
Como
dói
meu
coração!
Minha
tia
está
acometida
Da
doença
do
alemão
(Alzheimer)
Hoje
não
diz
mais
nada
Nem
sequer
um
palavrão!!!!
Querida
tia
Lucinha
(©
Antonieta
Elias
Manzieri)
Olho
antigas
fotos
e
sinto
uma
saudade
imensa...
Você
está
com
mais
de
oitenta
anos
e
com
disposição
de
uma
quarentona!
Ensaios
na
quarta,
chá
com
amigas
na
quinta,
baile
da
saudade
na
sexta
e,
no
sábado...
haja
fôlego!
Parece
que
foi
ontem,
quando
nos
sentávamos
para
comer
bolo
de
fubá
e
contar
piadinhas
inocentes,
que
época
boa...
Lembro
que
papai
ficava
danado
da
vida
com
nossas
brincadeiras,
mas
nos
sabíamos
que
às
escondidas,
ele
acabava
rindo
muito
com
nossas
bobagens.
Nunca
vou
esquecer
o
que
você
aprontou
no
sítio
do
Zé
Caetano
(risos).
A
ocasião
era
propícia
e
todos
sabiam
que
ele
morria
de
medo
de
fantasmas.
Não
é
que
você
resolveu
aprontar
das
suas?
Enfarinhou
o
rosto
e
colocou
a
mão
no
gelo,
sorrateiramente
aproximou-se
do
pobre
infeliz
segurando-o
pelo
braço.
Tive
um
acesso
de
riso,
mas
confesso
que
senti
pena
do
coitado.
Ele
queria
gritar
e
a
voz
não
saía.
Tia,
ele
molhou
as
calças
de
tanto
que
tremia,
lembra
disso?
São
tantas
histórias,
que
ficaríamos
horas
e
horas
relembrando
o
tempo
feliz
que
compartilhamos.
Por
essas
e
tantas
outras
lembranças,
é
que
a
amo
tanto
e
peço
a
Deus
para
que
ao
chegar
a
sua
idade,
eu
seja
igualzinha
a
você!
Meu
tio
Emprestado!
(Simone
Borba
Pinheiro)
Tinha
lá
meus
11
anos
e
fiquei
muito
feliz
em
poder
passar
uns
dias
na
casa
de
meus
tios,
em
outra
cidade.
Era
emocionante
a
idéia
de
viajar,
sem
meus
pais
por
perto,
uma
"grande
aventura",
na
verdade.
Meu
tio
trabalhava
no
departamento
autônomo
de
estradas
de
rodagem
e
foi
me
buscar,
onde
eu
morava,
para
passar
uns
dias
com
eles.
A
viagem
em
si,
já
foi
muito
bacana,
meu
tio
sempre
foi
muito
querido
comigo,
ele
era
cunhado
de
minha
mãe,
por
isso
mesmo,
um
"tio
emprestado".
Passei
duas
semanas
em
Bagé
com
meus
primos,
que
eram
muitos,
aprontando
todas,
cada
dia
inventávamos
uma
peraltice
nova,
para
tristeza
de
minha
tia,
que
ficava
furiosa
e
colocava
todo
mundo
de
castigo,
mas
quando
meu
"tio
emprestado"
chegava,
era
só
alegria,
sabíamos
que
o
castigo
iria
acabar,
pois
ele
em
tom
calmo,
despreocupado,
dizia
alegremente:
-
Deixa
as
crianças
se
divertirem...
Ao
final
dessas
duas
semanas,
houve
uma
enchente
muito
grande,
causando
muitos
estragos
e
estavam
interditando
as
estradas,
então
meu
pai,
foi
me
buscar
de
trem,
uma
maria
fumaça
de
causar
inveja!
Essa
foi
outra
aventura
magnífica
que
guardo
no
coração
e
conto
em
outra
ocasião.
Uma
viagem
de
trem
com
meu
pai
querido.
O
BATON
DE
TIA
MARIA
(Malu
Mourão
-
Ipu-Ce,
09/09/2008)
Saudades
dos
tempos
idos
Da
infância,
que
longe
vão!
Lembro
de
tia
Maria,
Com
imensa
emoção.
E
destes
tempos
bem
vividos,
Ainda
guardo
no
coração
A
ansiedade
que
sentia,
Esperando
minha
tia,
Com
o
seu
baton
carmim.
Pois
com
certeza
ela
vinha
Os
meu
lábios
pintar.
E
com
dengosa
simpatia
E
seu
cheiro
de
jasmim,
Me
pintava
e
dizia:
-
"Vai
menina,
desfilar!"
E
então,
feito
uma
rainha,
Eu
me
punha
a
rodopiar.
Uma
"Certa"
tia
Bastiana
(faffi)
Tempo
feliz
foi
aquele
em
que
eu
podia
contar
com
uma
tia-amiga,
adorável,
discreta,
misteriosa.
A
gente
ria
de
tudo
e
por
tudo,
era
certa
em
tudo
que
fazia
e
dizia.
Realizava
sempre
o
meu
sonho
de
consumo,
ela
fazia
bolinho
de
chuva
e
eu
consumia
tudinho.
Como
era
bom
tê-la
sempre
pertinho
de
mim,
me
dando
conselhos
me
acarinhando,
me
mimando,
me
ajudando
a
separar
o
joio
do
trigo.
Fui
crescendo,
casei
e
a
minha
tia
continuou
por
perto,
me
ajudando
a
cuidar
dos
meus
filhos,
dando
a
eles
o
mesmo
carinho
a
mesma
atenção.
Depois,
ficou
cansada
e
foi
morar
com
Deus
justamente
no
dia
25
de
dezembro,
viveu
e
morreu
em
festa.
Tia
Bastiana,
você
foi
uma
benção
na
minha
vida.
Esteja
onde
estiver
saiba
que
continuo
te
amando
e
agradecendo
a
Deus
por
ter
tido
a
sua
companhia.
faffi/Silvia
Giovatto
À
minha
tia
Sebastiana.
Boas
Malvadezas
(Iranimel)
Oh!
Céus!
Seria
tão
lindo
Se
numa
piscada
do
olhar
A
gente
conseguisse
num
tempo
Da
adolescência
voltar.
Lembro-me
das
brincadeiras
Que
com
meu
irmão
eu
fazia
Na
verdade
(boas)
Malvadezas
Que
me
deram
tanta
alegria!
Ele
amarrava
dinheiro
numa
linha
fina
E
atirava-o
ao
chão,
na
calçada,
Da
janela
-
às
escondidas
-
Assistíamos
nossas
palhaçadas.
Quando
alguém
se
abaixava
ao
chão
Para
o
dinheiro
pegar,
ele
puxava
a
linha,
E
o
coitado
ou
coitadinha,
Ficava
com
cara
de
bobão!
Outras
vezes
judiávamos
Do
Turco
que
morava
na
esquina
minha,
Todas
às
noites,
nós
apertávamos
A
estridente
campainha;
Depois
saíamos
correndo
Para
algum
lugar
se
esconder,
Esperando
que
o
Turco
Viesse
ali
fora
atender.
Inocência
sem
maldade,
Que
tanto
me
deu
prazer!
Hoje,
porém,
com
a
minha
idade
Entendo...
Não
se
deve
fazer.
Minha
velha
tia...
(Luísa
Fernandes
-
11/9/08)
Mariana
era
doce,
Seu
nome
tudo
dizia...
Pela
tarde
os
bolinhos
nos
bolsos
nos
escondia.
Nossa
mãe
preocupada
Achava
que
pouco
apetite
De
seus
filhos,
A
doença
se
devia...
Mas
lavando
nossos
bibes
depressa
descobriu
que
nossa
tia-avó
de
docinhos
nos
enchia.
Quase
40
anos
depois
Mariana
és
minha
TIA!
(Contributo
em
homenagem
a
minha
tia
avó
mater,
Mariana
Gaspar...)
TIA
MARGARIDA
VEM
PARA
LANCHAR
(Eme
Paiva)
Tia
Margarida
por
duas
vezes,
já
telefonou,
enviou
um
fax
e
um
correio
por
computador,
avisando
que
a
tarde
vem
me
visitar,
comermos
o
bolo,
que
ela
mesma
fez.
Aproveita
a
deixa,
fica
pro
jantar.
Senta-se
na
sala,
põe-se
a
cochilar.
Já
é
mesmo
tarde,
fica
de
uma
vez.
Tia
Margarida
quase
não
dormiu.
A
tosse
antiga,
foi
o
que
se
ouviu
pela
noite
afora.
Pela
manhãzinha
ela
adormeceu
Acordou
as
3
para
vir
lanchar
Aproveita
a
deixa,
fica
pro
jantar...
já
é
mesmo
tarde,
fica
de
uma
vez
Céus!
Amanhaã
eu
tenho
que
ir
trabalhar!!
Segredo
da
tia
Joanita
(Luz
Sampaio)
Minha
tia
Joanita
Tinha
um
segredo
guardado...
Era
um
velho
retrato
escondido
Debaixo
do
colchão...
Um
dia,
contou-me
o
motivo
Disse
ser
o
velho
retrato
Lembrança
do
primeiro
amor
Aquele
que
conquistou
o
seu
coração...
Fiquei
toda
escancarada
Ao
saber
de
quem
era
o
velho
retrato
Disse
ela
ser
do
marido
Do
tio
que
dormia
toda
noite
ao
seu
lado...
Ela
guardava
o
velho
retrato
Pra
quando
ele
roncasse
alto
E
ela
não
conseguisse
dormir
Lembrasse
dos
bons
tempos
passados...
Foi
assim
que
ela
disse
Que
o
casamento
durou
tantos
anos
Graças
a
esse
velho
retrato
escondido
Debaixo
do
colchão...
Minha
Tia
(Nancy
Cobo)
Minha
tia
e
madrinha
no
dia
de
Natal
Quis
aprontar
então
em
conjunto
Com
meus
primos
bolaram
o
seguinte;
Fazer
um
copo
Duplo
de
uma
bebida
especial
Um
pouco
de
cada
bebida
alcoólica
que
tinha
na
mesa
da
ceia
de
natal,
inclusive
álcool
puro
foi
colocado
também
E
pasmem
era
para
a
irmã
dela,
Minha
Mãe
beber.
Enfeitaram
até
com
umas
folhas
de
samambaia,
rs
Mas
o
tiro
saiu
pela
culatra
Minha
Mãe
bebeu,
disse
estar
muito
gostosa
se
levantou
e
falou;
Como
Chama
essa
bebida
?
Preparem
outro
para
mim
?
Claro,
a
gargalhada
foi
geral.
Saudades...
Tia
Carlota
(Naidaterra)
Tia
Carlota
era
uma
solteirona,
namorava
muito,
mas
casar,
não
queria...
Tinha
nos
olhos
uma
expressão
alegre...
contagiante...
Como
era
bom
chegar
as
férias
escolares,
eu
e
alguns
primos
passávamos
alguns
dias
com
ela,
que
maravilha...
Sentávamos
num
tronco
de
árvore
esperando
ansiosos
as
suas
histórias...
Uma
atriz,
além
de
narrar,
ela
imitava
e
gesticulava
graciosamente...
Tia
Carlota
era
quem
nos
defendia
e,
as
vezes
até
assumia
a
autoria
de
algumas
molecagens,
era
simplesmente
a
nossa
protetora
e
amiga,
com
genialidade,
nos
fazia
sonhar...
Não
me
lembro
de
vê-la
triste
um
só
dia,
vivia
cantando
e
preparando
artes
e
novas
histórias
para
nos
contar,
tia
Carlota,
um
dia
envelheceu
e
nós
crescemos,
mas
mesmo
assim,
ela
sempre
tinha
um
tempo
para
nós,
um
coração
cheio
de
coisas
lindas
para
nos
oferecer,
sempre...
TIA
ZINHA
(Ógui
Lourenço
Mauri
-
06/09/2008)
Separemos
as
palavras,
por
favor!
Tiazinha,
não!...
A
minha
é
outra:
Tia
Zinha!
Tão
parecida
com
sua
irmã,
a
mãe
minha
Que
já
partiu
para
o
Plano
Superior.
Vez
por
outra,
bate-me
forte
a
lembrança:
Férias
na
casa
da
tia,
no
Carnaval;
Melhor
"Folia
de
Momo"
da
Capital,
Os
desfiles
de
rua
na
Vila
Esperança...
Tinha
razão
Mestre
Adoniran
Barbosa:
Em
Carnaval,
Vila
Esperança
dá
show!
Trago
ainda
comigo
o
enlevo
que
ficou
Ao
debutar
na
festa
maravilhosa.
Tia
Zinha,
não
me
esqueço
de
tua
acolhida,
Tampouco
de
tua
canja
na
madrugada...
Quando
a
turma,
por
fim,
chegava
cansada
Depois
de
tanto
se
esbaldar
na
avenida.
Retornar
à
Vila
Esperança,
quem
dera!
De
lá,
Tia
Zinha
mudou
há
muitos
anos.
Mesmo
assim,
quero
voltar,
tenho
meus
planos...
Eis
que
a
então
menina,
hoje
mulher,
me
espera.
POBRE
TIA
MARGARIDA
(Marcial
Salaverry)
Todos
temos
uma
Tia
Margarida,
para
nos
azucrinar
a
vida...
Tudo
sabe,
tudo
conhece,
e
de
nós,
jamais
esquece...
Nossa
vida
quer
direcionar,
sobre
tudo
quer
orientar,
e
o
máximo
que
consegue,
é
chatear...
Seu
grande
problema,
é
que
sua
vida
é
um
dilema...
Nem
o
infeliz
marido
a
aguenta,
tanto
que
ela
o
atormenta...
Ele
prefere
ficar
sozinho,
e
manda
que
ela
vá
chatear
o
sobrinho...
E
lá
vem
a
Tia
Margarida,
pra
nos
azucrinar
a
vida...
De
nosso
pé
não
quer
largar,
e
a
viver
quer
nos
ensinar...
Pra
não
mandá-la
plantar
mandioca,
peço
pra
fazer
pipoca...
Aí,
a
velha
sossega,
e
por
instantes
no
meu
pé
não
pega...
Mas
a
pipoca
fica
pronta,
e
lá
vem
ela,
e
sempre
apronta...
Mas...
verdade
seja
dita,
até
que
é
uma
presença
bendita...
Pois
sem
a
Tia
Margarida,
quem
haveria
para
nos
azucrinar
a
vida?
MINHA
TIA
DINDA!!
(Thais
S.
Francisco
"beija-flor")
É
com
alegria
que
poeto
minha
querida
Tia
Dinda
que
sabia
alegrar
nossos
corações,
com
as
estórias
que
contava
sobre
Pedro
Malazartes!....
Sua
arte
em
representar,
com
mímicas,
as
estórias
que
contava,
nos
fazia
rir,
até
quase
perdermos
o
fôlego,
mas
pedíamos:
"
Continua,
tia
Dinda!
...Continua"!
Papai
e
Mamãe,
achando
que
já
era
hora
de
criança
ir
pra
cama,
toc
toc,
faziam
,na
porta
do
quarto,
e,
tia
Dinda,
já
,puxando
nossas
cobertas,
ia
assim
dizendo:
..."Entrou
por
uma
porta,
saiu
pela
outra...
quem
quiser,
que
conte
outra"!...
Boa
Noite!...
Tia
Dinda,
que
saudade
de
você!...
"Caso
verídico"
Tia
Benedita
(Tere
Penhabe)
Eu
nunca
soube
a
idade
que
ela
tinha,
Porque
me
pareceu
desnecessário,
Era
bom
visitar
sua
casinha,
Onde
o
riso
era
sempre
perdulário.
O
fogo
crepitando
na
cozinha,
E
o
cheiro
de
pão
doce
no
armário,
Dava
prazer
de
ser
sua
sobrinha,
Poder
estar
naquele
seu
sacrário...
Sempre
a
exercitar
a
sua
mágica,
Fazendo
uma
careta
que
era
trágica,
Colhendo
no
café,
o
seu
palpite...
Para
ganhar
no
jogo,
sem
errar.
Sei
eu
lá
se
era
mentira
sem
limite,
Mas
sempre
conseguiu
nos
enganar.
Santos,
14.09.2008
www.amoremversoeprosa.com
Inesquecível...
(Augusta
Schimidt)
Tia
Maria,
com
seus
72
anos
de
vida,
nunca
se
casou.
Nunca
teve
filhos
e
nem
nunca
foi
avó.
Mas
sabia
contar
histórias
como
ela
só.
Tinha
o
olhar
doce,
sorriso
singelo
e
amor
de
mãe–avó.
Era
pau
pra
toda
obra
e
conhecia
cada
pedaço
de
chão
lá
do
Sítio
Santa
Rita.
Também
pudera,
viveu
lá
por
mais
de
trinta
anos...
O
Sítio
Santa
Rita,
era
quase
uma
fazenda
de
café.
Digo
quase
porque
faltava
um
pedacinho
de
terra
pra
virar
fazenda.
E
tia
Maria
percorria
todos
os
dias
os
lugares
preferidos
dos
passarinhos,
logo
que
o
sol
acordava,
buscando
inspiração
pra
contar
suas
historias.
Passávamos
lá
todos
os
feriados,
dias
santos
e
férias.
Era
uma
festa.
Nas
tardes
friorentas
das
férias
de
julho,
a
melhor
hora
era
a
do
café
porque
além
de
contar
histórias,
tia
Maria
sabia
fazer
os
bolinhos
de
chuva
mais
gostosos
do
mundo.
Parecia
manjar
dos
anjos.
Bom
mesmo
era
quando
vinham
Bete
e
Duca
os
primos
de
Limeira.
Um
dia
claro
era
pouco
para
tanta
brincadeira.
Logo
cedinho
íamos
acompanhar
tia
Maria
em
suas
andanças.
Primeiro
íamos
ao
curral
tomar
leite
tirado
na
hora
da
Violeta,
uma
vaquinha
malhada
simpática
mãe
da
bezerrinha
Julieta.
Depois
íamos
aos
galinheiros
recolher
os
ovos
das
galinhas
cantoras
e
finalmente
à
horta
colher
as
verduras
do
dia.
Voltávamos
para
casa
com
o
sol
já
bem
alto
e
enquanto
tia
Maria
se
ocupava
de
seus
afazeres,
fugíamos
para
o
pomar
para
espiar
do
alto
da
mangueira
os
empregados
capinando
o
cafezal
De
vez
em
quando
se
ouvia
o
piar
de
um
passarinho
pedindo
licença
pra
entrar
no
seu
ninho.
Era
tudo
uma
beleza.
Jamais
me
esqueço
de
tanta
proeza.
Duca,
moleque
de
seus
treze
anos,
dizia
ser
caçador.
Queria
caçar
as
cobras
que
invadiam
o
cafezal
pondo
em
risco
a
vida
do
trabalhador.
Só
que
quando
uma
cobra
de
verdade
aparecia,
era
a
maior
gritaria
e
Duca
era
o
primeiro
que
fugia.
Quando
Tia
Maria
chamava
para
almoçar
era
o
maior
sacrifício
ter
que
deixar
de
brincar.
Mas
nós
íamos,
porque
senão
era
bronca
na
certa
e
daí
de
castigo
pela
desobediência
nada
de
historias
quando
chegava
a
hora.
Depois
do
almoço,
hora
de
descansar,
mas
nós
queríamos
mesmo
era
brincar.
Então
era
nessa
hora
que
tia
Maria
inventava
os
concursos
de
desenhos
e
escritas.
Quem
desenhasse
bonito
e
escrevesse
sem
erros
ganhava
um
presente
que
ela
mesma
fazia.
Bem
na
porta
da
varanda
que
cercava
toda
a
casa,
havia
dois
abacateiros
amparando
uma
grande
rede.
Era
o
lugar
preferido
de
tia
Maria
nas
suas
horas
de
repouso.
E
entre
um
cochilo
e
outro
embalada
pelo
canto
do
sabiá,
nos
observava
e
nos
ensinava
a
brincar.
Na
terra
limpinha
e
fina,
fazíamos
de
tudo.
Com
um
galho
de
árvore
na
mão
quase
bordávamos
o
chão.
E
ai
de
quem
por
ali
passasse
e
estragasse
a
nossa
obra.
Afinal,
era
dali
que
sairia
o
maioral.
Mas
tia
Maria,
com
sua
doce
sabedoria
sempre
escolhia
os
três.
Era
melhor
o
empate
pra
não
acabar
em
combate.
Ali
passávamos
boa
parte
da
tarde
e
quando
o
galo
anunciava
que
o
sol
já
ia
embora
era
a
hora
sagrada.
Sim
porque
hora
de
ouvir
história
é
sempre
sagrada.
Até
o
sabiá
do
abacateiro
se
calava.
Era
um
momento
mágico.
Parecia
que
entravamos
numa
nave
e
seguíamos
rumo
ao
Mundo
Encantado.
A
história
que
eu
mais
gostava
era
a
do
menino
Zacarias,negrinho
escravo
que
sonhava
em
viajar
no
avião
azul.
Essa
história
sempre
me
emocionava.
Assim
eram
os
nossos
dias.
Sempre
alegres
alternados
entre
a
cidade,
escola
e
os
feriados
sempre
tão
esperados.
E
o
tempo
passou...
Passou
rápido
demais...
E
finalmente
chegou
o
dia
em
que
tivemos
que
enfrentar
a
dura
realidade.
Tia
Maria
não
mais
estaria
entre
nós.
Foi
para
o
céu,
contar
suas
histórias
aos
anjos.
Foi
muito
triste
mas
o
descanso
merecido.
Afinal
dedicou
anos
de
sua
vida
a
nos
ensinar
o
bem,
o
amor
e
só
nos
deu
felicidade.
Acho
até
que
foi
por
causa
dela
que
desatei
a
escrever.
Queria
passar
para
todas
as
crianças
o
presente
que
ganhei...
A
esperança.
Dona
Gê...
(Carmen
Vallet
-
15/09/08)
-
Larga
o
osso!!!
Dizia
ela,
aos
motoristas
de
ônibus,
que
se
encontravam
com
algumas
amiguinhas,
na
esquina
de
casa.
Eu,
minha
irmã
e
ELA,
ríamos
muito,
da
sacada
da
minha
casa,
que
ficava
distante
dos
"namorados",
uns
100
metros.
Eles
olhavam
assustados,
porque
era
noite
e
não
sabiam
de
onde
vinha
o
grito.
-
Larga
o
osso!!!
Repetia
ela,
ao
próximo
pobrezinho
que
caia
nas
garras
bondosas
daquela
senhora.
Rrrsssssssss.
Ela
tinha
um
sotaque
peculiar
por
ser
de
uma
cidade
do
sertão
da
Bahia.
E
assim
foi,
por
um
ou
dois
anos.
Não
me
recordo
bem,
quando
terminou.
Só
sei
que
ela
mudou-se
e
até
hoje,
trago
na
memória
a
frase,
os
gritinhos,
as
noites
que
passávamos
na
varanda.
Minha
mãe,
é
claro,
não
gostava,
e
muito
menos
os
casais,
que
se
separavam,
ao
ouvir
o
gritinho
e
ficarem
com
medo
que
as
"donas
da
pensão"
os
pegasse.
É
apenas
um
detalhe
da
minha
infância,
que
eu
nem
sabia
o
que
significava
mas,
os
gritinhos
e
as
gargalhadas,
com
minha
irmã
e
ELA,
debruçadas
na
mureta
da
sacada,
esses
sim,
trazem
recordações
divertidas.
AH!
Se
fosse
minha
tia
mas,
não...
Era
minha
comadre,
que
deixou
em
minha
memória,
momentos
felizes.
Um
beijo
para
minha
Tia,
Comadre,
Dona
Gê.
Carmen
Vallet
(Carme)
***********