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A Ciranda, PERALTICES NO COLÉGIO, leva-nos de volta a uma época de rigidez dos valores e dos costumes, mas também época de brincadeiras saudáveis , ingenuidade, peraltices, sonhos, conquistas, segurança, convívio agradável com nossos semelhantes e com a natureza, tempo que jamais esqueceremos, pois muito temos para contar. Não havia televisão nem telefone celular. Computador, Internet... nem pensar!
Mas é muito saudável, compartilhar nossos momentos felizes e divertidos...
Agradeço a todos os amigos participantes que prontamente enviaram seus relatos divertidos e, confesso, foi muito gratificante para mim formatar esta página pois cada texto lido era seguido de minhas risadas diante das peraltices narradas.
Obrigada, mano Alberto Peyrano, Maria José Tauil, Nancy Cobo, Tere Penhabe, Luisa Fernandes, Mary Trujillo, Faffi, Luz Sampaio, Irani Genaro, Ógui Mauri e Marcial Salaverry.
"Rir, é o melhor remédio"! Divirtam-se!
YARA NAZARÉ
(20/11/2008)


Obs.: Os textos estão listados por ordem de chegada.

DANÇANDO O MAMBO NOS QUINTOS DOS INFERNOS!

(Yara Nazaré - 20/09/02)

Era minha turma da terceira série, do Curso Ginasial, do Colégio Nossa Senhora das Graças, da ordem de Santa Catarina de Sena onde eu estudava desde os sete anos. A Irmã que atuava como bedel, veio avisar a nossa turma que a freira, professora de religião, estava com febre e não poderia ministrar aquela aula e que aproveitássemos o horário para colocar os exercícios de outra disciplina em dia e assim aguardar a aula do horário seguinte.
O colégio era muito grande. As portas das salas de aula tinham duas bandas muito altas. Era somente feminino e as colegas tinham mais ou menos a mesma idade que a minha, 14 anos.
Quando a Irmã saiu, nos entreolhamos e começamos a rir. Penso que tivemos a mesma idéia, ao mesmo tempo. Todas as colegas sabiam que eu e minha colega Margarida, dançávamos o ritmo da moda muito bem, o mambo. Os que faziam sucesso na época, eram os Mambo Nº 5 e Mambo Nº 8. Nosso uniforme, mesmo naquele clima quente do nordeste, embora sendo litoral, se compunha de saia de tropical com pregas colegial e a saia ia até o meio da perna. A blusa branca era de mangas compridas, com os punhos azul marinho e gola de marinheiro, também azul marinho da cor da saia. As meias três quarto brancas e sapato pretos, arrematavam a vestimenta.
Resolvemos então, fechar as tais portas altas e caracterizar o tal uniforme a "la dançarina de mambo". Prendemos a ponta da saia na frente, no cós e arregaçamos as mangas até o cotovelo e subimos na mesa da professora, que se localizava sobre um tablado de madeira mais elevado do que o piso, exatamente para destacar a figura das mestras. Enquanto as colegas batucavam o ritmo do mambo nas suas carteiras, eu e Margarida rebolávamos os ombros e os quadris na cadência do alucinante ritmo. E a letra do mambo, as meninas cantarolavam... "Mambo 1, 2, 3, 4, 5, 6 , 7 e 8, trá lá lá... trá... lá... lá " e nós duas lá, no auge da dança.
Mas eis que de repente... a porta se abre de supetão, com barulho e vimos surgir a Irmã bedel e a Irmã que era professora de história geral e minha preferida.
Ficamos todas feito estátuas, paralizadas, umas olhando para a cara das outras e o medo ali estampado. A bronca que levamos nem precisa ser relatada aqui, mas o pior veio em seguida. A ordem foi sentarmos todas, enquanto a irmã bedel, escrevia no quadro com giz branco, a famosa frase que devíamos copiar cem vezes:
"Sou cristã e não devo me permitir danças obscenas,
senão vou para os quintos dos infernos!"
Não tivemos as aulas seguintes para concluirmos o castigo estipulado e durante a semana toda, seríamos levadas de duas a duas à sala da Madre Superiora que só se visitava por dois motivos: para receber punição ou medalha de Honra ao Mérito e, com certeza, este último não seria o nosso caso. Tivemos ainda o fato anotado na nossa Caderneta de Estudante e por conseguinte nossos pais tomaram conhecimento do "evento". Além de ficar com a munheca dormente, de tanto escrever no meu caderno aquela "bendita" frase, chegando em casa com a anotação na caderneta, fiquei de castigo sem ir na vesperal de domingo, assistir meu precioso episódio da série de filmes do Flash Gordon e minha mãe ainda me colocou de joelhos, no canto do seu quarto, virada para a parede durante mais ou menos uma hora!
Aí que dor nos meus joelhinhos...
mas deixar de dançar o Mambo Nº 8... deixei não,
embora dançasse escondida no meu quarto!!!!!!!!!!

 

Obs.: Em junho deste ano (2008), eu e meu marido voltamos de férias a minha cidade e lá visitamos o referido colégio, à freira que nos recebeu com muita alegria, contei este episódio e ela riu muito. Lá na Sala de Informática do colégio, acessei meu site e ela leu a minha crônica sobre esta peraltice e rindo muito ressaltou como era bom termos lembranças para contar, da nossa época de estudantes.

(Esta crônica está também na página (link): Minhas Crônicas, aqui no meu site).

Quando eu estudava Catecismo, ao sair da escola ia para a igreja e ali me instruíam sobre os princípios, mandamentos, sacramentos e preceitos da fé católica. Havia um pároco muito exigente e em um certo dia que não estudei a lição, pôs-me em penitência. Devia ficar de joelhos, rezando o Pai Nosso, até que o templo fechasse suas portas.
Passaram-se duas horas e todos meus colegas já haviam saído. Eu estava só na igreja e as vezes via que o padre-cura ia e vinha fazendo seus afazeres ou ordenando tarefas. Alguém veio procurá-lo e antes de ir-se, disse-me:
- “Alberto, continua rezando. Eu voltarei imediatamente e quero te ver aqui. Não te vás até eu voltar”.
No momento em que o Padre Paolo se foi, deixei meu lugar de penitência e corri para o altar mor. Não podia suportar a humilhação de ter sido castigado porque sabia que no dia seguinte todos meus amigos troçariam de mim.
Pensando como chatear o padre, olhei e vi que o sacrário que estava sempre fechado, estava com a chave na sua fechadura. Sem pensar muito, peguei a chave e escondi-a em um canto do altar, embaixo das toalhas imaculadamente brancas.
Voltei a meu lugar. O cura retornou e me deu permissão para ir embora para minha casa.
Na manhã seguinte, acordei muito cedo e cheguei à igreja quando a missa das 7 já havia começado. Deslizei-me pela lateral para que ninguém me visse. Nesse tempo a missa era celebrada com o sacerdote de costas para os fiéis. Quando o Padre Paolo quis abrir o sacrário para tirar o cálice com as hóstias, notou a falta da chave. Vi que se apoiou no altar com os dois braços estendidos e movia a cabeça de um lado para o outro. Agachou-se, procurou no chão, dos lados do altar, revisou cada um dos jarros de flores. Sacou um lenço e secou o suor de seu rosto umedecido, completamente vermelho pela raiva que sentia naquele momento.
Depois, voltou-se de frente para os fiéis e lhes falou com tremenda voz:
- “Podeis ir em paz. A Missa terminou”.
Nesse dia, talvez pela única vez, ninguém comungou!

PERALTICE DOS TEMPOS DE COLÉGIO
(Maria José Tauil)


Estudei em escola pública, no tempo em que eram muito boas.
Anualmente, em campanhas de vacinação, uma ambulância acampava na escola e faziam do auditório o local de atendimento.
Quando chegava a hora da minha turma, eu não chorava. Simplesmente berrava, esperneava e não havia quem conseguisse me fazer tomar "a tal injeção". Com o meu escândalo, escapei por dois anos das "benditas".
Já no terceiro ano primário, eu e meu irmão chegamos à escola e deparamos com a tal ambulância. Decidimos "matar aula", nós e mais
dois vizinhos. Escolhemos uma rua sem movimento, sentamos nas escadarias de um casarão e ficamos batendo papo, comendo merenda e brincando.
Na hora da saída, fomos para casa, normalmente.
No dia seguinte, soubemos que a ambulância lá estava para socorrer o servente morador, que havia passado mal.
Tenho uma neta igual. Esperneia e grita por socorro.
Quem sai aos seus não degenera.

Instituto Cylleno.
(Nancy cobo)

Estudei e me formei em Técnico de Contabilidade, que na época tinha direito a ter inscrição no CRC.
Bem quando ainda estava no Ginasial, eu era sempre Monitora da turma, talvez por ser filha de professora.
Quando o Mestre entrava em sala de aula, eu tinha que ir de carteira em carteira para ver se todos tinham feito o dever de casa. Claro que nunca dedurava ninguém.
Um dia uma colega com o nome de Celestina foi chamada pelo Mestre, para fazer a verificação se todos tinham mesmo feito o dever.
Um colega nosso de Nome Marco Antonio, não tinha feito e eu não o dedurei, mas Ela não hesitou.
O Mestre, imediatamente me expulsou da turma e fui suspensa 01 semana de todas as aulas.
Eu não conversei, fui até a carteira dela e disse;
Me aguarde no final da aula pois quero conversar com você.
Quando o meu turno acabou fui direto a sala para poder conversar com ela, qual foi a minha surpresa, ela foi embora.
Perguntei se alguém tinha visto Ela, ou aonde foi, me falaram que tinha ido ao Banco do Brasil.
Me dirigi até lá deixei no colégio a gravata do uniforme e o meu material
Quando ela me viu foi direto para o lado do guarda dentro do banco, ai eu não sei o que me deu, risos, fui até Ela e a trouxe para fora do banco e claro, que baixei o cacete nela.
Esqueci que estava com o uniforme.
Ao retornar no colégio para retirar meu material, fui imediatamente levada para a Direção.
Ganhei uma suspensão de 01 mês.
Hoje me lembro disso e dou muita risada.

Lembranças da infância...
(Tere Penhabe)

Cheguei da escola sedenta e faminta como sempre. Joguei sobre a cômoda, a pasta e o embrulho que trouxera da escola, contendo um xale que minha futura sogra havia me emprestado, para a caracterização de uma vovó, papel que eu interpretaria na peça de teatro amador. Eu estava eufórica, achando que talvez esse papel fosse o início da minha brilhante carreira de atriz.
Na verdade não foi, mas essa é uma outra história...
Após engolir a comida rapidamente, bateu o sono e eu praticamente desmaiei na cama, já que minha mãe não estava em casa, porque se estivesse não permitiria.
Mal eu peguei no sono, já vi aquela senhora mal encarada entrando no quarto... Eu não a conhecia, mas seu jeito era próprio de quem não vem em missão de paz.
Começou a ameaçar com xingamentos apontando-me a mão encarquilhada e ordenando que eu devolvesse o que lhe pertencia.
Foi uma visão tétrica que me fez acordar suando e tremendo. Corri para a casa da Izolina, onde ela e minha mãe conversavam animadamente.
Ao me verem de olhos arregalados, iam me perguntar o que acontecera, mas antes que o fizessem, eu bati os olhos num retrato emoldurado que estava na parede e fiquei sem voz... apontava mas não conseguia falar nada...
Quando finalmente consegui perguntar quem era, Izolina me respondeu sorrindo que era sua mãe, que já falecera há mais dez anos.
Arrepiei-me toda, pois era também a senhora que estivera há pouco no meu sonho, ameaçando-me com tanta irritação.
Concluímos que ela não gostara nem um pouco de ter o seu xale emprestado, para o que ela chamaria de “palhaçada”, uma vez que teatro já era algo mal visto nos meus tempos, imagine no tempo dela...
Resultado: fui avó por alguns minutos sim, mas com o vestido da minha mãe, que eu tinha certeza que estava bem viva e havia me autorizado a usá-lo.

Santos, 01.11.2008
www.amoremversoeprosa.com

O TESTE!
(Luísa Fernandes - 30/10/08)

Estava concluindo o Liceu para entrar na faculdade. Entre outras, havia a disciplina: “Introdução à Política”, horrível, que consistia em analisar as constituições de Portugal. Era uma guerra entre os alunos e o professor de História que distribuía uma resma de cópias para estudarmos. Melhor, dizendo… “copiarmos” nos exames…
Próximo do teste final, precisávamos da média 14 para não fazermos o torturante exame. A turma se organizou: um aluno, tiraria a cópia do teste da pasta do professor. A escolhida foi a mais caladinha, mais sossegada, sobre quem nunca incidiríam as suspeitas do professor. A “santa” era eu. A turma rodeava o professor com perguntas sobre a matéria e eu, tremendo como varas verdes e vermelha como um pimentão , retirei, uma cópia da pasta do professor. Era o exame! Passei-a para outro colega que logo pediu ao mestre para ir à casa de banho. Fez cópias do teste e distribuíu para nós sem conseguirmos repor o original na pasta.
O bendito teste chegou, todos tranquilos, entramos na sala. Sentamo-nos para o sucesso desejado. Primeira cópia distribuída, primeiro rosto estupefacto e assim, sucessivamente, olhamos uns para os outros. Ninguém tinha a resposta para as questões! O teste não era o mesmo!!!!
Mas a colega Dulce que tudo sabia, passou-nos outra "cola" que nós adaptamos para não ficar igual. "Santa Dulce"!
Na entrega do resultado, a turma em silêncio esperava o pior. O professor entregou um a um e as notas eram igauis ou acima de 14. Nossos rostos se iluminaram… Ninguém iria fazer o exame nacional!
O professor começou a nos dar parabéns e pediu para felicitar pessoalmente o aluno que tinha tirado o teste da outra turma. O silêncio foi de terror! Mário, o pior aluno da turma, levantou-se e eu fiz o mesmo e gritei:
- Sr. Dr., fui eu! Aguardei com o nó na garganta o veredicto que foi:
- Muito bem, aluna corajosa e destemida… Nunca pensaria isso de si! Mas como sua ação foi para o bem da sua turma merece aplausos dos seus colegas.
Claro que, no recreio, todos beijámos a Dulce, a verdadeira salvadora da Pátria!!!

 

Colégio de freiras...
(Marilena Trujillo - 10/11/2008)


Colégio de freiras... Ensino severo,
Mil regras de comportamento a seguir,
Mas poderia entrar mais tarde e tomar lanche
Mais cedo... Quem à missa fosse assistir...

E lá ia eu... Véuzinho branco... Tercinho...
Lancheira caprichada. Tinha de tudo a danada!
Tudo aquilo era muito mais gostoso e divertido
Do que a madre Conceição ensinando tabuada!

No refeitório, o silêncio era reinante e obrigatório...
Mas nada impedia minha abafadinha risada,
Cutuca daqui e dali. Mil gracinhas cochichadas.
E a madre Rosário, o urubu, de olho na meninada.

Até que um dia... Por azar e ironia do destino,
O urubu nos pegou brincando no banheiro...
Mandou chamar nossos pais e o mundo inteiro.
Pondo fim às nossas gargalhadas, ao picadeiro.

Mas não levou muito tempo para encontrarmos
Outra grande... Deliciosa e atrativa diversão...
No Mês de Maria... Os mais velhos oravam...
E nós fazíamos de escorregador o corrimão!

Mas... Sempre tem um, mas nessas histórias,
Outra vez o bendito urubu nos pegou no flagra,
Fomos para a diretoria. Nossos pais foram chamados,
Tive vontade de morder a orelha daquela praga!

Numa bela manhã... Que maravilha... Que alegria!
O “Urubu” de nós se despedia em tom solene...
Outra ocuparia seu lugar... Por certo seria melhor!
Qual o quê... A outra gritava feito uma sirene!

Meias para cima! - Saias para baixo dos joelhos!
Chamada oral... Catecismo na ponta da língua!
Meninas devem ter bons modos. Educação!
Ah, que saudade do urubu... Como ela era linda!

Peraltice Ousada.
(faffi)

Quando eu cursava a terceira série ginasial, lembro que detestava o professor de ciências. Ele era muito exigente e meio grosso... aliás, ninguém gostava dele.
Nas provas ele era intransigente , caía matéria que nem tinha dado ainda e quando a gente reclamava ele dizia;
-"Tá no livro não tá"?
Um dia ganhei da minha madrinha um radinho com fone de ouvido, era novidade e quase ninguém ainda tinha.
Levei no ginásio, na aula de ciências coloquei no ouvido, o professor ficou uma arara e me tirou da classe dizendo em alto tom de voz:
-"A senhorita não quer ouvir essa droga lá no pátio"?
Isso tudo já com a porta aberta, eu muito enfezada peguei meu rádio e sai da sala.
Nem preciso dizer que foi um bafafá danado, a diretora falando, inspetor de classe, minha
mãe me tirando o presente e falando o dia inteiro
- "Meninas não fazem essas coisas"!
Não acaba por aí não....
Na semana seguinte, na mesma aula, coloquei um cordão no ouvido que vinha exatamente do fundo da minha mesinha... O professor entrou
na sala e falou:
- Eu avisei, depois falam que sou grosso.
Veio direto a mim e puxou o cordão vazio... a classe toda caiu na risada, fomos todos parar na diretoria...
Eu me vinguei... custou um pouco caro, mas aquele professor mereceu.
Não sei se é uma boa recordação, mas foi uma peraltice ousada.

 

Peraltices no Colégio.
(Luz Sampaio)

Para ir ao ginásio onde estudava tinha que passar em frente a um cemitério.
Como estudava a noite, não tinha jeito, mesmo com medo tinha que enfrentar o caminho. Uma noite alguns meninos resolveram me assustar, e isso me deixou muito revoltada.
O medo passou com o tempo, mas a lembrança daquela noite me deixou marcada.
Resolvi então descontar um dia, isso foi na última noite de aula antes da formatura.
Já que seria a última noite de aula, combinei com um amigo de fazer uma surpresa a eles...
Gravamos algumas vozes um tanto sinistras, e escondido atrás de um carro estacionado, ligamos o gravador....
Ah! Foi uma correria danada! Vímos eles correndo, sem levantar uma voz...
Não sei que fim levou os meninos, se chegaram bem em casa ou perceberam que foi uma brincadeira,
não os ví na formatura...
Mas certeza eu tinha de ter descontado a maldade deles!
Hoje passado tantos anos, essa travessura guardo no báu das recordações como jóias raras, peraltices
tantas que conto hoje aos meus filhos.

PENALIZADA PELA INOCÊNCIA

(Iranimel)

Jamais poderei esquecer a experiência que, embora, hoje parece engraçada, para mim, na época, teve um triste resultado. Eu já estava no terceiro ano do grupo escolar, e, num certo dia, a professora nos deu uma “pausa para descontração”.
Nós, alunas, poderíamos conversar, desenhar, fazer trabalhinhos de papel, enfim, ela nos deixou completamente à vontade, contanto que ninguém saísse da classe.
Eu confesso que até então, eu era absurdamente inocente, e quando algumas coleguinhas de classe se aproximaram da minha carteira, me pedindo para cantar alguma coisa tipo “cantiga divertida”, não hesitei em atendê-las e na mesma hora comecei a cantar assim:

Pedrinho foi pescar,
Soltou um pei. . . tra, la, la
Soltou um pei. . .tra, la, la
Soltou um Peixinho no mar!

Minha mãe quando casou,
Era pu. . . trá, lá, lá
Era pu, trá, lá, lá
Era puramente bela!

Da minha carteira eu vi a professora rindo, e fiquei toda prosa, me achando! Então, a última quadrinha, eu cantei ainda mais alto!
Resultado: Justamente nesse dia havíamos feito prova na qual eu havia tirado nota máxima, mas depois dessa minha inocente idiotice, não só levei um sermão da professora como também perdi dez pontos da prova.

 

PERALTICES NO COLÉGIO
(Ógui Lourenço Mauri - 13/11/2008)

Sempre lembro daquela festa junina,
Que, a caráter, minha escola promoveu.
Na surdina escolhido, o padre fui eu,
Com chapéu de vigário e preta batina.

Nos meus treze anos, calado e introspectivo,
Fui, num complô da classe, pego "na marra,
Alvo principal da preparada farra,
Que teve, do Professor Celso, o incentivo.

Na semana dos ensaios para o evento,
Esbaldaram-se com minha timidez,
Ignorando que chegaria minha vez
Em plena cerimônia do "casamento".

Recordo o noivo, com gestos fanfarrões,
Contraste da noiva, lépida e bonita,
Traje à caipira, com vestido de chita,
Uma menina a balançar corações.

Chega a festa, enfim; de compadre e comadre.
Um "casamento" com noiva escultural...
Que, abandonando o noivo no ato final,
Deu "aquele" beijo na boca do padre.

UM MENINO ARTEIRO
(Marcial Salaverry)

Sempre fui um menino arteiro, de espírito aventureiro, que adorava as histórias do Zorro, do Tarzan, do Flash Gordon, da Nyoka, e que adorava aprontar na escola. Muito bom aluno na parte didática, sempre entre os primeiros da classe, mas no quesito disciplina, era um terror. Adorava atrapalhar uma aula com perguntas capciosas para certos professores que tinham a mania de explicar muito bem as coisas, como um certo Prof Kleber (com "k"), de matemática... Bastava apresentar um problema daqueles meio sem solução, e a aula toda ele ficava explicando como poderia ser resolvido. E ele resolvia. Como eu o definia, um gênio na matemática, e uma anta na vida prática.
Só não tinha coragem de atrapalhar as aulas da saudosa Profa. Rosina Pastore, porque ela era um espírito de luz voejando sobre a classe. Incrível como, apenas com doçura, dominava aqueles moleques rebeldes.
Assim como o Prof. Pina, um baixinho meio corcunda, que dominava a classe toda apenas com a força de seu olhar. Durante suas aulas de Português, podiamos ouvir uma mosca voando...
Minha vítima predileta era o Prof Saturnino que lecionava Desenho no Ginásio Estadual Anhanguera. Ela durante o ano todo, sempre usava uma mesma gravata vermelha, e nunca usava meias. Era uma figura. E no fim da quarta série ginasial, com a certeza de que não mais o iria encontrar, preparei um pacote com uma gravata azul velha, e um par de meias furadas, e deixei sobre sua mesa, com um recado, como se fosse um presente da classe toda. Ele viu o pacote, ficou até emocionado com um recadinho que eu havia escrito. Abriu... Engoliu em seco... Fechou o pacote, e disse... "Sei de quem pode ter sido esta ideia..." olhando diretamente pra mim... Confesso que me arrependi da brincadeira, ao ver a expressão de tristeza de seus olhos... Ele gostava de dar Desenho Livre, onde deveriamos usar nossa imaginação... E eu que sempre fui péssimo para desenhar, fiz o que poderia, com muito boa vontade, lembrar um camelo, e para identificar, escrevi CAMELO, e uma seta indicando. E ele deu Zero. Daí, deixei de me arrepender...
"Ai que saudade que tenho", quando disso a lembrar-me venho... São lembranças tão vividas, "da aurora da minha vida"... Adorava roubar flores, e à minha mãe, e às professoras oferecia, quase todo dia... Delicia fazer gentileza com o chapéu alheio.
Na verdade o que mais gostava nos tempos do Ginásio Estadual Anhanguera na Lapa, era quando conseguia driblar o bedel, e ia namorar com a namoradinha de plantão numa sala que ficava nos fundos da escola. Sempre precisava que alguem ficasse de sentinela para avisar se o dito cujo aparecesse...
E como é gostoso relembrar...

Marcial Salaverry, em lembranças de seus tempos de estudante...



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Obrigada, pela sua visita!
Yara Nazaré